Muitas crianças ainda não recuperaram atraso na educação por conta da Covid-19
Os pesquisadores se basearam em cerca de 40 estudos feitos em 15 países europeus, nos Estados Unidos e na África do Sul
As medidas de confinamento impostas durante a pandemia da Covid-19 que afetou crianças em idade escolar tiveram um impacto educacional, do qual muitos ainda não se recuperaram – revela um estudo publicado nesta segunda-feira (30).
Estas conclusões "confirmam o temor de que a pandemia tenha causado déficits importantes de aprendizagem", resume o estudo, publicado na revista Nature Human Behavior.
Os pesquisadores se basearam em cerca de 40 estudos feitos em 15 países europeus, nos Estados Unidos e na África do Sul.
Essas crianças perderam, em média, um terço do ano letivo.
Este número representa apenas uma ideia muito simplificada da situação, já que existem disparidades significativas – em particular, em função da classe social dos alunos. Os mais desfavorecidos são aqueles que tendem a acumular mais atraso.
"Esta crise de aprendizagem é uma crise de desigualdades", afirmou o pesquisador Bastian Betthauser, principal autor do estudo, em coletiva de imprensa.
Muitos países fecharam escolas, e alguns, como a Espanha, chegaram a confinar menores em casa no início da pandemia, em 2020.
Um atraso de poucos meses pode ter grandes consequências, o que faz desse fenômeno "um verdadeiro problema geracional".
"A educação é um dos fatores – talvez o principal – que vai determinar como será a entrada na vida ativa, o sucesso no mercado de trabalho, a capacidade de se garantir um futuro", lembrou.
O estudo é a maior compilação feita até o momento, embora faltem muitos dados dos países mais pobres. Alguns desses resultados explicam, entre outros aspectos, como esses atrasos foram criados, por exemplo, em matemática, mais do que na leitura.
"Os pais podem ser mais capazes de ajudar seus filhos a aprender a ler do que a fazer exercícios de matemática", acrescenta este especialista.