Advogado de Daniel Alves tem acesso a vídeos da boate e diz que "há espaço para a defesa"
Defesa comandada por Cristóbal Martell assistiu a mais de sete horas de gravações do circuito interno de TV da casa noturna, em Barcelona; brasileiro está preso por suspeita de estupro
Após assistirem mais de sete horas de gravações feitas pelo circuito interno de TV da boate Sutton, em Barcelona, os advogados de Daniel Alves afirmaram que "há jogo, há espaço para defesa do jogador". O brasileiro está preso desde 20 de janeiro como suspeito de ter estuprado uma jovem de 23 anos no banheiro da área VIP da casa noturna, no fim do ano passado.
A informação foi dada pelo advogado Cristóbal Martell, responsável pela defesa de Daniel Alves, ao jornal "La Vanguardia". De acordo com a publicação, o defensor "mostrou poucas dúvidas sobre a liberação provisória do brasileiro". Nesta segunda-feira, um recurso foi apresentado à Justiça espanhola pedindo a soltura do atleta.
A defesa de Daniel Alves apresentou um documento de 24 páginas no qual argumenta que não há risco de fuga e a enumera as razões pelas quais sua permanência na Espanha estaria garantida pelo tempo necessário até à realização do julgamento. Martell sublinha que o brasileiro tem raízes familiares, sociais, pessoais e empresariais em Barcelona.
O advogado também propõe que o brasileiro seja liberado com uso de uma pulseira eletrônica para monitoramento em tempo real; que o jogador seja intimado a comparecer, se necessário diariamente, em tribunal; que entregue seus dois passaportes, o espanhol e o brasileiro; e fiquei proibido de se aproximar ou se comunicar de qualquer forma com a vítima; além de valores a serem depositados em uma conta judicial.
Mapa das pegadas
A polícia de Barcelona fez um "mapa das pegadas" de Daniel Alves e da jovem de 23 anos que o acusa de estupro. De acordo com os investigadores, as impressões digitais do jogador e da vítima correspondem à descrição dos fatos dada pela mulher em depoimento. O brasileiro está preso desde 20 de janeiro por suspeita de agressão sexual.
As informações foram publicadas pelo jornal "El Periódico". Conforme o veículo, as impressões digitais encontradas no banheiro da boate Sutton se encaixam nas palavras ditas pela jovem sobre a dinâmica dos fatos.
Ao todo foram encontradas sete impressões digitais da vítima. Entre elas, há algumas na caixa de descarga do sanitário. Para os investigadores consultados por "El Periódico", não faz sentido as mãos da jovem neste local se a versão de Daniel Alves for verdadeira.
De acordo com o jornal, as impressões digitais coletadas no banheiro são "suficientemente significativas" e podem ajudar a Unidade Central de Agressões Sexuais a determinar a posição corporal em que a mulher estava quando colocou seus dedos na caixa de descarga.
Brasileiro se cala quando questionado em presídio
Daniel Alves tem se mantido calmo, reservado, com poucas palavras e sem externar muitas emoções durante os contatos com outros detentos e funcionários do presídio em Barcelona. O brasileiro é suspeito de estupro e, nesta segunda-feira, sua defesa apresentará um recurso pedindo liberdade provisória. Nas conversas dentro da unidade prisional, o jogador tem afirmado que teve uma relação consensual com a jovem de 23 anos que o acusa de agressão sexual. Mas se cala quando questionado sobre as denúncias. As informações são do jornal espanhol "La Vanguardia".
Segundo relatos obtidos pelo veículo, o lateral-direito pediu para ser tratado como os outros presos da cadeia Brians 2, alegando que "o jogador ficou de fora, e o Dani que está aqui é mais um [detento]". Na prisão, ele já afirmou que vai aceitar o parecer que vier da Justiça, e usou sua história de vida como exemplo de superação para ajudá-lo a enfrentar o momento. "Saí de casa quando tinha apenas 15 anos. Superei situações muito difíceis e complicadas. Essa será mais uma que vai passar. Nada me assusta", teria dito ele. O julgamento ainda não tem data para acontecer.
Preso há pouco mais de uma semana, o futebolista pediu aos advogados que os pais, em especial a mãe, não o visitassem na penitenciária por enquanto. Lúcia Alves chegou à capital da Catalunha na última semana. O ex-atleta do Pumas, clube do México que reincidiu o contrato com Daniel Alves logo após o escândalo, mantém contato com os familiares mais próximos por meio de ligações, mas afirma que não gostaria de ser visto por eles atrás das grades.
Em conversa com o novo advogado, Cristóbal Martell, e com seu sócio Arnau Xumetr, ele disse estar disposto a permanecer no país o tempo necessário até ser julgado pelas autoridades jurídicas. Para os dois, ele teria dito que não pretende fugir da Espanha e que está disposto a apresentar medidas cautelares para cumprir a prisão preventiva fora do presídio.
Defesa apresenta recursos
O advogado de Daniel Alves se apresenta ao tribunal nesta segunda-feira para apresentar o recurso ao Tribunal Provincial de Barcelona. Dentre os argumentos a serem utilizados, está uma longa carta escrita por Daniel Alves — que não entra no mérito dos fatos — garante aos magistrados que ele não fugirá de Barcelona.
Martell também vai solicitar o uso da pulseira eletrônica, o que assegura que o lateral-direito não fará movimentações que envolvam passaportes ou dinheiro. Depois de levar o recurso à Justiça, o advogado precisa ainda distribuí-lo à defesa da jovem de 23 anos e ao Ministério Público, que terão cinco dias para expor suas respectivas alegações.