Opinião

José Múcio acredita que não é momento de discutir mudança no artigo 142 da Constituição

O ministro também afirmou que a relação entre Lula e os comandantes das Forças Armadas está "absolutamente pacificada" após os atos de vandalismo de 8 de janeiro

José Múcio Monteiro - divulgação

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou nesta terça-feira (31), que é contra neste momento a elaboração de uma suposta Proposta de Emenda Constitucional para regulamentar o artigo 142 da Constituição, que trata do papel das Forças Armadas.

De acordo com a CNN Brasil, integrantes do PT avaliam mudar o texto para deixar claro quais são os direitos e deveres dos militares.

“A gente pode discutir o (artigo) 142 e outros temas, mas primeiros precisamos que as coisas aconteçam, pacifiquem, que o 8 de janeiro fique mais distante para a gente discutir sem emoção”, disse o ministro em entrevista à CNN Brasil. “Não sei se é a hora de se discutir isso”.

O ministro também reconheceu que o artigo “dá margem a intepretações”, mas que desde que foi escrito “não atropelou”.

Na Constituição, o texto diz que “as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), durante o mandato do ex-capitão e após a sua derrota na eleição presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), citavam o artigo ao pedir uma intervenção militar.

“Às vezes dá impressão que estamos no terceiro turno das eleições”, acrescentou Múcio. “Eu torço muito para que a gente deixe a poeira baixar, que a gente pacifique este país”.

O ministro também afirmou que a relação entre o presidente Lula e os comandantes das Forças Armadas está "absolutamente pacificada" após os atos de vandalismo praticados por radicais bolsonaristas em Brasília, no dia 8 de janeiro.

“A gente não vai conseguir esquecer o dia 8 tão cedo e tomara que demore muito [para esquecer] para que isso não se repita, mas as relações estão absolutamente pacificadas. Hoje temos agendas proativas, tratando de outros assuntos, nem tratamos mais do que passou", analisou o ministro.

Quando indagado sobre qual nota daria hoje, entre zero e dez, para o clima entre o governo federal e os militares, Múcio disse que não dará a pontuação máxima porque "sempre existem surpresas", mas reafirmou que as relações estão "ótimas".