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Ucrânia domina candidaturas ao Nobel da Paz de 2023

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky teria sido indicado por um deputado populista norueguês de direita

Volodimir Zelensky - Ukrainian presidential press-service / AFP

Do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ao presidente ucraniano, boa parte das candidaturas propostas ao Prêmio Nobel da Paz de 2023, cujo prazo termina nesta terça-feira (31), está relacionada com a guerra na Ucrânia, ainda que não seja garantia de favoritismo.

Entre os indivíduos e as organizações indicados ao Comitê Norueguês do Nobel, os poucos nomes divulgados publicamente são personalidades envolvidas no conflito que teve início há quase um ano, ou opositores do presidente russo, Vladimir Putin.

Segundo os estatutos da premiação, as lista de indicações permanece em sigilo por pelo menos 50 anos, mas os milhares de patrocinadores (congressistas e ministros de todos os países, ex-premiados, acadêmicos, entre outros) são livres para revelar a identidade de seus candidatos.

O prêmio de 2023, que anualmente indica centenas de nomes, será anunciado no início de outubro.

"Trabalho exemplar"
Um deputado populista norueguês de direita deu a entender que nomeará o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que se tornou um símbolo da resistência à invasão russa iniciada em 24 de fevereiro de 2022.

O mesmo político submeteu a candidatura de seu compatriota Jens Stoltenberg, que, segundo ele, "merece o prêmio por seu trabalho exemplar como secretário-geral da Otan em um período difícil para a aliança: a ofensiva brutal e não provocada contra um pacífico país vizinho", disse.

Também está na lista o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, indicado pelo líder do Senado do Paquistão por seus esforços de paz "antes e durante a guerra russo-ucraniana".

Opositores ao governo de Putin também estão concorrendo: Alexei Navalny, ativista anticorrupção preso na Rússia após ser vítima de uma tentativa de envenenamento, e o jornalista Vladimir Kara-Mourza, também detido após sobreviver a dois envenenamentos.

"Hoje sabemos que a base desta guerra é um regime russo construído sobre a corrupção e a opressão", disse o deputado norueguês que atua no "combate político" pelo fim dos conflitos na Ucrânia, sendo citado pela agência NTB.

As duas últimas edições de Nobel tiveram críticas reconhecidas ao presidente russo.

No ano passado, foram premiados a organização não-governamental russa Memorial, que teve sua dissolução ordenada pela Justiça russa; o Centro Ucraniano para as Liberdades Civis; e o ativista bielorrusso Ales Bialiatski, que está detido.

Em 2021, foi outro crítico do Kremlin, o jornalista Dmitri Muratov, editor-chefe da Novaya Gazeta, que recebeu o título junto com sua colega filipina Maria Ressa. Ambos são reconhecidos como figuras importantes na liberdade de imprensa ameaçada nos dois países.

O diretor do Instituto de Pesquisa sobre a Paz de Oslo, Henrik Urdal, considera improvável que o prêmio fique na Europa pela terceira vez seguida.

"No ano passado, foi difícil para o comitê olhar para além da Ucrânia por causa da importância e da difusão do conflito... Mas também é essencial destacar outras questões internacionais em outras partes do mundo", acrescentou.

Nos últimos anos, aumentou a especulação sobre a possibilidade de um Nobel da Paz para os defensores do meio ambiente.

A deputada norueguesa ligada à causa Lan Marie Berg anunciou, nesta terça-feira (31), que apresentou a candidatura de jovens ativistas ambientais, a sueca Greta Thunberg, que concorre ao prêmio há vários anos, e a ugandense Vanessa Nakate.