Saúde

Na semana nacional da Mamografia, especialistas pedem novos protocolos e maior acesso ao exame

A rede pública de saúde assegura o direito às mamografias para mulheres maiores de 50 anos. O problema é que são previstos os diagnósticos de 74 mil novos casos de Câncer até 2025

Médica radiologista Beatriz Maranhão, membro da comissão nacional de mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia e da Sociedade de Radiologia de Pernambuco, professora convidada e médica radiologista do IMIP - Ed Machado/Folha de Pernambuco

No próximo domingo, dia 5 de fevereiro, celebramos o Dia Nacional da Mamografia. A véspera, dia 4, é o Dia Internacional de Combate ao Câncer. “Aproveitamos essas datas para alertar as mulheres brasileiras sobre a necessidade atualizar exames. Mais do que prevenção, temos que repetir exaustivamente que o diagnóstico precoce salva vidas e isso só conseguimos com uma rotina periódica de acompanhamento”, orienta a médica radiologista Beatriz Maranhão, membro da comissão nacional de mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia e da Sociedade de Radiologia de Pernambuco, professora convidada e médica radiologista do IMIP.

O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, que só tem incidência menos que os tumores de pele. A expectativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) é que cerca de 74 mil novos casos/ano, sejam diagnosticados de agora até 2025. O maior problema é que aqui no Brasil, mais de 60% desses dos diagnósticos acontecem em estágio avançado dos tumores, o que implica em tratamentos mais agressivos, mutilações e outras complicações. 
 

A mamografia é o único exame de imagem que reduz a mortalidade do câncer de mama, por detectar precocemente de tumores na mama em estágios iniciais, ainda não palpáveis. “Em mamas extremamente densas e no rastreamento de pacientes de alto risco, associamos à mamografia a exames complementares como ultrassonografia, Ressonância magnética. As alterações suspeitas são investigadas através de biópsias e punções guiadas por imagem” explica Beatriz.

Segundo a médica, alguns pacientes reclamam do incômodo na compressão das mamas, mas a técnica é para radiografar a mama em toda a sua extensão e garantir a qualidade da imagem. “A intensidade do desconforto varia de acordo com a pessoa, mas é uma dor suportável que dura menos de dez segundos”

A cobertura mamográfica no Brasil é considerada muito baixa. Apesar da subnotificação e dificuldade de colher dados na rede pública, estatísticas mostram que ainda há um caminho longo para o país atender a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que diz que, no mínimo, 70% das mulheres com idade entre 40 e 69 anos sejam inseridas em programas de rastreamento.

Os números de mamografia no Brasil
Em 2022, o SUS realizou 3.246.960 de mamografias (SISCAN/Datasus). O volume foi maior do que no ano anterior, quando foram feitas 2.680.472 mamografias (1), e do que em 2020, primeiro ano da pandemia de covid-19, quando apenas 1.868.352 mulheres se submeteram ao exame na rede pública. Todos os exames realizados no ano passado na rede pública corresponderam a uma cobertura de cerca de 28% da população feminina com idade entre 50 e 69 anos, estimada em cerca de 11,4 milhões (10,49%) pelo IBGE para 2022 (108,7 milhões ou 51,1% do total de 212,7 milhões de habitantes).

Por uma determinação do Ministério da Saúde, o SUS só oferece a mamografia de rotina (quando não há sinais ou sintomas relacionados ao câncer de mama) a mulheres com idade entre 50 e 69 anos. “O pior é que os estudos atuais apontam que 25% das mulheres brasileiras que terão câncer de mama estão na faixa etária entre 40 e 49 anos de idade”, alerta Beatriz Maranhão. Quando há casos de câncer de mama ou ovário em parentes próximas, o rastreamento deve começar aos 30 anos. E a única opção para as brasileiras com menos de 40 anos, sem sinais de doença, é ter que apelar para rede privada ou suplementar. “A luta dos especialistas agora é para que o Ministério da Saúde passe a oferecer a mamografia de rotina a partir dos 40 anos, em breve. Mas daí vamos enfrentar outro problema: as filas enormes por exames na rede SUS, que pioraram ainda mais após a COVID 19.