Política

Futuro presidente do PSDB, Leite critica incertezas da política fiscal de Lula

As declarações do governador do Rio Grande do Sul marcam uma mudança de tom que busca antagonizar com o PT e afastar o PSDB do bolsonarismo

Eduardo Leite - Reprodução / Twitter

O governador do Rio Grande do Sul e presidente nacional interino do PSDB, Eduardo Leite, criticou nesta quarta-feira (1º) o que chamou de "incerteza sobre os rumos da política fiscal" do governo Lula. Também disse que a escolha do nome de Fernando Haddad (PT) para o Ministério da Fazenda gerou dúvidas no mercado.

— No atual governo federal, as mensagens ainda são ambíguas. Não era para ter dúvida afinal das contas. A dúvida e a incerteza geram riscos. E riscos são custos, acabam tendo de ser precificados a ponto de inviabilizar os negócios, os investimentos — afirmou Leite. Apesar disso, disse que é preciso dar o "benefício da dúvida" a Lula.

As declarações foram dadas a uma plateia de investidores durante evento em São Paulo e marcam uma mudança no tom do discurso de Leite, que buscar antagonizar com o PT e afastar o PSDB do bolsonarismo.

Leite afirmou que a escolha de Haddad para ministro da Fazenda "gera incerteza e dúvida" devido à "falta de retrospecto" do ex-prefeito de São Paulo na área econômica.

Ao comentar sobre a importância da aprovação de uma reforma tributária, o governador gaúcho afirmou que é preciso que Lula priorize a pauta.

— A reforma tributária sair depende fundamentalmente da vontade do presidente da República. Se não tiver essa convicção do presidente, fica difícil. (...) Se a articulação for relegada a um segundo nível, não será aos olhos dos parlamentares que vão votar a bandeira (do governo) — disse.

Leite afirmou não duvidar da intenção de Lula de "melhorar a vida das pessoas", mas que entende que os sinais dados sobre a política fiscal até o momento são "equivocados".

— Muitos dos sinais sugerem que o que vem pela frente é mais parecido com o governo Dilma (...) que levou o país à maior recessão de sua história — ressaltou Leite.

O tucano também criticou o ex-presidente da República Jair Bolsonaro. — De outro lado, para mim é um bálsamo poder voltar a discutir no âmbito da política sem ser agredido pelo presidente da República. Para o ex-presidente Bolsonaro, a responsabilidade nunca era sua, sempre a culpa era de terceiros — afirmou. Na visão de Leite, a beligerância bolsonarista travou a aprovação de reformas no país.

Leite ainda comentou a redução de tamanho do PSDB nas últimas eleições. A sigla, que comandou o governo paulista por 28 anos, não conseguiu eleger o ex-governador Rodrigo Garcia (PSDB). Para o governador gaúcho, a derrota é uma oportunidade para que o tucanato repense o partido.

— O Estado de São Paulo é tão forte que acabava significando uma alavanca e ao mesmo tempo uma âncora para o partido. Pela força que tinha, acabava se impondo — disse.