Cientistas políticos avaliam reeleições de Rodrigo Pacheco e Arthur Lira
Em seu discurso de posse, Rodrigo Pacheco relembrou atos terroristas vividos em Brasília no início de janeiro
Reeleito pelos próximos dois anos em votação que aconteceu nesta quarta-feira (1º), o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) comemorou a continuidade à frente da presidência do Senado e do Congresso Nacional. Ele, que tem o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conquistou 49 votos, 17 a mais que seu concorrente, Rogério Marinho. O deputado federal Arthur Lira (PP-AL) foi outro nome vencedor e agora permanecerá na presidência da Câmara dos Deputados até 2025. A reportagem da Folha de Pernambuco ouviu dois cientistas políticos que avaliaram ambos os resultados.
O doutor em ciências políticas e professor universitário, Rodolfo Marques, vê a continuidade de Pacheco suscetível a um maior movimento contrário, assim como deverá acontecer com Lula. “Esse segundo mandato de Pacheco tem algumas simbologias, e é claro que haverá uma oposição maior a ele e também a Lula, até porque já houve a posse de 27 dos 81 senadores, dos quais vários são alinhados ao ex-presidente, a exemplo de Damares Alves (DF), Hamilton Mourão (RS), Sérgio Moro (PR) e Marcos Pontes (SP)”, avaliou. Além do quarteto mencionado pelo cientista, Rogério Marinho (RN), que disputou com Pacheco, também é um nome ligado ao bolsonarismo.
O professor pontuou ainda sobre o discurso de Pacheco, que fez questão de rememorar os atos terroristas em Brasília no início de janeiro. “É uma maioria evidente (de votos) e que dá pra cravar uma vitória de Lula de novo. O discurso dele (Pacheco) foi histórico e duro, contra polarização e desinformação, e foi importante para que avance a qualidade da democracia brasileira e que ela esteja num ambiente mais seguro”, refletiu.
Já a reeleição de Arthur Lira na Câmara dos Deputados foi ainda mais próxima do esperado. Em votação recorde com 464 votos a seu favor, o cientista político Alex Ribeiro atribui essa permanência ao centrão. “Ele acenou muito para Bolsonaro e agora promete acenar também para Lula. Arthur Lira é quase unanimidade no Congresso e precisa ter esse diálogo. Para o governo Lula, ter alguém que não entre em confronto com o Legislativo é considerável. Já para o lado bolsonarista, é se reinventar e fazer política sem Bolsonaro no governo”, disse Ribeiro.