BRASIL

"É hora de desinflamar o Brasil", diz Arthur Lira após ser reeleito presidente da Câmara

Parlamentar do PP teve votação recorde na Casa Legislativa, e defendeu que "nenhum regime irá prosperar fora da democracia".

Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados - Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Reeleito com maior placar da história para a presidência da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) fez um discurso incisivo pela democracia e contra os atos golpistas do 8 de janeiro. O progressista disse que é preciso "desinflamar" o país, e afirmou que "nenhum regime irá prosperar fora da democracia".

Lira criticou os golpistas que invadiram a praça dos Três Poderes, e disse que discursos como esses não terão respaldo do Parlamento.

— Essa casa não referendará qualquer discurso ou manifestação que atente contra a democracia. Terá a rejeição do Parlamento, do povo brasileiro e o rigor da lei — afirmou.

O presidente reeleito ainda reforçou que a "baderna de alguns" não irá abalar a democracia brasileira, e dirigiu um recado aos radicais.

— Aos vândalos e instrumentadores do caos, nenhum regime político no Brasil irá prosperar sem a democracia. Jamais haverá Brasil sem eleições livres e voto popular. Jamais haverá Brasil sem liberdade.
 

Para o parlamentar, todos devem ter a "clareza exata de onde termina o espaço de um e onde começa o espaço de outro":

— Os Poderes da República, pilares da nossa democracia, devem dar o exemplo. É hora de ver cada um no seu quadrado constitucional — e continuou: — O Legislativo é o poder moderador da república e assim continuará sendo. Não dá mais para que as decisões tomadas nesta casa sejam constantemente judicializadas.

Forças Armadas e povos originários
Apesar de criticar aos golpistas dos atos do dia 8 de janeiro, Lira fez questão de elogiar as Forças Armadas. Segundo ele, o comando do Exército mostrou que obedece e respeita a escolha das urnas, "seja qual for a linha política".

— Aqui quero fazer um reconhecimento às Forças Armadas e o seu respeito à Constituição. No que pese possíveis omissões no 8 de janeiro, que estão sendo apuradas, o conjunto das Forças Armadas reconhece a obediência ao poder civil escolhido democraticamente nas eleições livres — disse.

O alagoano iniciou seu discurso citando o pai, que passou mal mais cedo, enquanto acompanhava a posse dos parlamentares no Congresso. Ele teve um mal súbito, mas foi socorrido e levado ao hospital.

— Na última eleição, meu pai estava presente. Hoje ele não pôde. Mas onde ele estiver agora, sei que vai estar bem — disse Lira, que acrescentou que o pai é "muito querido pelos deputados". — Um homem de muita luta e muita fé.

Antes de encerrar, Lira defendeu a preservação ambiental e a proteção dos povos originários, num momento em que o governo se debruça sobre a crise humanitária na Terra Indígena Yanomami, mas fez questão de não atacar o agronegócio. Pelo contrário, o deputado afirmou que o agro é motivo de orgulho do país, e disse que soluções para aliar desenvolvimento e preservação serão debatidas pelo parlamento.

— Nossos povos originários precisam da mão protetora do estado, da nossa assistência e da solidariedade de todos. Da mesma forma, temos que olhar com responsabilidade para quem produz, quem planta e colhe nosso alimento. O agro nos orgulha e nos fez celeiro do mundo. Estabelecer a convivência pacifica, justa, preservacionista e com desenvolvimento é um desafio que vamos debater muito esse ano para encontrar soluções.