Moraes confirma versão de Marcos do Val: "Mostra o quão ridículo chegamos na tentativa de golpe"
Ministro do STF disse ter sido solicitado pelo parlamentar para uma audiência e que chegou a recebê-lo no Salão Branco do STF
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou a tentativa de golpe relatada pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) como “Operação Tabajara”, durante discurso em um evento do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em Lisboa, nesta sexta-feira (3).
O termo faz uma alusão às Organizações Tabajara, empresa fictícia popularizada nas décadas de 1980 e 1990 pelo grupo humorístico Casseta & Planeta. A empresa comercializava invenções idiotas e absurdas. Tabajara, então, passou a virar sinônimo de qualquer ação farsesca.
Moraes, por videoconferência, havia sido questionado sobre as declarações de do Val feitas na manhã de quinta-feira (2), quando renunciou ao cargo. “Foi exatamente essa a tentativa de Operação Tabajara que mostra o quão ridículo nós chegamos na tentativa de um golpe no Brasil”, declarou Alexandre de Moraes.
O ministro comentou sobre o depoimento de Marcos do Val à Polícia Federal, em que disse que o ex-deputado federal Daniel Silveira havia lhe sugerido para gravar uma conversa com o magistrado do STF para incriminá-lo.
O magistrado disse ter sido solicitado por Do Val para uma audiência e que chegou a recebê-lo no Salão Branco do STF. Ao conversarem, Do Val teria dito que foi procurado por Silveira e que havia participado de uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro (PL). Na ocasião, teria surgido a ideia da gravação.
“A ideia genial que tiveram foi colocar escuta no senador, para que o senador, que não tem nenhuma intimidade comigo, eu conversei exatamente três vezes na vida com esse senador, para que o senador pudesse me gravar e, a partir dessa gravação, pudesse solicitar a minha retirada da presidência dos inquéritos”, ironizou Moraes.
O ministro afirmou que perguntou ao senador se ele poderia confirmar o relato de forma oficial em um depoimento, mas o parlamentar teria dito que “era uma questão de inteligência” e que não poderia confirmar o que disse. “Eu levantei, despedi do senador, agradeci a presença, até porque, o que não é oficial, para mim não existe”, lembrou Moraes.