Bolsonaro critica Lula por desemprego registrado quando ainda governava
Em palestra no evento Power of the People (Poder para o Povo), organizado pelo grupo de extrema-direita Turning Point USA, o ex-presidente mencionou dados de 2022
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) responsabilizou o atual mandatário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pelos números de desemprego registrados em dezembro de 2022, quando ainda estava no poder. Em palestra realizada na última sexta-feira (3), no evento Power of the People (Poder para o Povo, em português), organizado pelo grupo de extrema-direita Turning Point USA na cidade de Miami, Bolsonaro mencionou dados oficiais de 2022 e atribuiu culpa a Lula.
Após sua fala inicial, Bolsonaro respondeu perguntas da plateia. Uma delas dizia respeito ao novo governo e ao presidente Lula, e o "perigo que ele representa para a economia", pois esse tema seria importante para os americanos que acompanhavam o evento.
"Eu vou dar apenas um dado, um número, porque os números são incontestáveis. Vínhamos criando ao longo de 2022 uma média pouco acima dos 200 mil novos empregos por mês. Em dezembro agora, praticamente com o governo outro assumindo, perdemos 430 mil empregos. Geralmente essas pessoas são as mais pobres. Gostaria que fosse diferente, mas entendo que em janeiro teremos uma grande perda no número de empregos, e isso é muito para nós, no Brasil", respondeu.
Bolsonaro se referia a dados do Ministério do Trabalho divulgados nesta terça-feira. Segundo as informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), referentes a dezembro do ano passado, as demissões superaram as contratações em 431.011 vagas formais. Normalmente há demissões no último mês de cada ano.
Os dados do Caged também mostraram que a economia brasileira gerou 2,03 milhões postos de trabalho com carteira assinada em 2022, o que representa uma queda de 26,6% em relação ao ano de 2021, quando foram gerados 2,776 milhões de postos de trabalho.
O Turning Point USA foi fundado por Charles Kirk, um jovem de 29 anos que é um popular agitador da extrema-direita americana e entusiasta das manifestações que resultaram na invasão ao Capitólio, de 6 janeiro de 2021. O local escolhido para o Power of The People foi o Crystal Ballroom do resort Trump National Doral.
Durante o evento, Bolsonaro foi chamado de presidente do Brasil, apesar de ter deixado o cargo em dezembro do ao passado, mesmo sem reconhecer a derrota nas urnas. Em sua fala, o ex-presidente também afirmou que o Brasil "estava indo muito bem" em seu governo e, de forma irônica, disse que não entende o motivo pelo qual o povo "ter ido para a esquerda".
Bolsonaro também fez referência às declarações de Lula que prometiam tornar mais acessíveis alguns dos itens mais apreciados pelos brasileiros. Nas palavras do ex-presidente, a população do país vai ficar "sem emprego, sem picanha e sem cerveja".
Fora do Brasil desde o fim do ano passado, quando partiu para os EUA, Bolsonaro alegou que sua popularidade em 2022 era "pelo menos o dobro do que tinha em 2018". O ex-presidente ainda afirmou que fica com ânimo renovado ao participar do encontro de extrema-direita:
"Recarrego minhas baterias em momentos como esse", disse.