Vaticano

Papa apela a 'depor as armas' no final de visita ao Sudão do Sul

Ao longo de sua visita de 48 horas, o pontífice fez repetidos apelos à paz no país de maioria cristã e 12 milhões de habitantes

Papo Francisco - VATICAN MEDIA/AFP

O papa Francisco fez um apelo neste domingo (5) para "depor as armas" durante uma missa ao ar livre em Juba, capital do Sudão do Sul, que marcou o fim de sua visita a este país africano devastado pela violência e pela miséria.

Francisco deixou Juba por volta das 12h locais (7h em Brasília), juntamente com os chefes das Igrejas da Inglaterra e da Escócia, representantes das outras duas confissões cristãs do Sudão do Sul com quem realizou a visita.

Ao longo de sua visita de 48 horas, o pontífice fez repetidos apelos à paz no país de maioria cristã e 12 milhões de habitantes, que entre 2013 e 2018 foi devastado por uma guerra civil entre apoiadores dos dois líderes rivais, Salva Kiir e Riek Machar, que deixou 380.000 mortos e milhões de deslocados internos.

"Deponhamos as armas do ódio e da vingança para embraçar a oração e a caridade; superemos as antipatias e aversões que, com o passar do tempo, se tornaram crônicas e correm o risco de levar à contraposição de tribos e de etnias", disse o papa na missa para cerca de 70 mil fiéis.

Antes da missa, Francisco, de 86 anos, cumprimentou e abençoou a multidão durante um passeio em seu papamóvel, ao som de aplausos e pandeiros.

A multidão gritava "Bem-vindo ao Sudão do Sul!", agitando bandeiras do Estado mais jovem do mundo e do Vaticano.

"Precisamos de paz"
Como muitos sul-sudaneses, James Agiu espera que esta visita "traga mudanças ao país".

"Há muitos anos estamos em guerra, precisamos de paz", disse à AFP o jovem de 24 anos.

"Eu sofri em minha vida. É por isso que estou aqui, para que o papa possa abençoar a mim e à minha família", disse Josephine James, 32.

A ONU e a comunidade internacional acusam dirigentes do Sudão do Sul de alimentar a violência, sufocar as liberdades políticas e desviar fundos públicos.

Os exércitos pessoais de Salva Kiir e Riek Machar também são acusados de crimes de guerra.

Apesar do acordo de paz assinado em 2018 no país que conquistou a independência do Sudão em 2011, a violência continua.

Na quinta-feira, véspera da chegada do papa, pelo menos 21 pessoas foram mortas em um roubo de gado no sul.

Em 2019, Francisco recebeu os dois inimigos no Vaticano e ajoelhou-se para beijar-lhes seus pés, implorando que fizessem as pazes, um gesto que não teve progressos concretos.

Antes de Juba, Francisco fez uma visita de quatro dias a Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, onde condenou as crueldades dos grupos armados.

Esta é a 40ª visita do papa argentino ao exterior desde sua eleição em 2013 e a terceira à África subsaariana.