Guerra da Ucrânia

Combates 'sanguinários' entre ucranianos e russos em Bakhmut

Moscou tem conseguido pequenos avanços nas últimas semanas, com a tomada da cidade de Soledar e a localidade de Blahodatne

Ucrânia - YASUYOSHI CHIBA/AFP

Tropas ucranianas e russas travaram neste domingo (05) um combate "sanguinário" em Bakhmut, no leste da Ucrânia, onde a situação estava se "complicando" frente às tropas de Moscou.

O Exército russo tenta há meses tomar a cidade, atualmente destruída, com apoio dos mercenários do grupo paramilitar Wagner. Ambos os lados sofreram perdas na cidade.

Moscou tem conseguido pequenos avanços nesta área nas últimas semanas, com a tomada da cidade de Soledar e a localidade de Blahodatne.

"Estão travando combates sanguinários nos bairros do norte (de Bakhmut) em cada rua, cada casa", declarou neste domingo o chefe do grupo russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, cujos recrutas estão na linha de frente da batalha.

"As forças armadas ucranianas não estão se retirando. Estão lutando até o último homem", acrescentou a declaração compartilhada no Telegram por sua assessoria.

O Estado-Maior ucraniano confirmou combates e bombardeios em diversos pontos da frente leste. Autoridades regionais relataram quatro mortes e 11 feridos nas últimas 24 horas.

Além disso, cinco pessoas ficaram feridas neste domingo em dois ataques russos no centro de Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia.

Em seu discurso na noite de sábado (04), Volodimir Zelensky reconheceu que a situação está ficando complicada no front, especialmente em Bakhmut, que ele prometeu defender "o quanto pudermos".

Ele também citou as cidades de Vugledar e Lyman, que as tropas ucranianas retomaram dos russos no ano passado.

A Rússia está "lançando mais e mais suas forças para romper nossa defesa", disse o presidente ucraniano.

"Ontem à noite um míssil caiu no meu jardim e uma bala entrou em minha casa, poderia ter me atingido", disse Serafim Chernyshov, de 20 anos, enquanto tiros soavam à distância.

"Se me matarem, será a vontade de Deus", acrescentou, conformado este morador de Bakhmut.

"Custará mais vidas"
Com receio de receber outro grande ataque russo, a Ucrânia está ansiosa pela entrega das armas prometidas por seus aliados ocidentais, especialmente tanques pesados e foguetes de longo alcance.

O ministro da Defesa ucraniano, Oleksiy Reznikov, garantiu neste domingo que essas armas de longo alcance não serão usadas para atingir a Rússia, mas sim as áreas ocupadas na Ucrânia.

Ele também criticou a "relutância" dos países ocidentais em entregar caças a Kiev, o que, segundo ele, "custará mais vidas" aos ucranianos.

O Canadá enviou no sábado o primeiro dos quatro tanques Leopard 2 oferecidos a Kiev.

Outros países ocidentais também prometeram armas à Ucrânia, como os Estados Unidos, a França e Alemanha.

A chegada de armas ocidentais é crucial para a Ucrânia, mas a Rússia adverte que isso pode provocar uma escalada no conflito, que começou em 24 de fevereiro de 2022.

Um embargo da União Europeia aos produtos petrolíferos refinados russos exportados pelo mar deve entrar em vigor neste domingo, uma medida que Moscou diz ter um impacto "negativo" porque "desequilibrará ainda mais" os mercados.