Vivendo na Turquia há cinco anos, jogador pernambucano relata as últimas horas da tragédia
Amilton Minervino rejeitou proposta de clube sediado em uma das cidades mais atingidas pelo terremoto há menos de uma semana
Na última segunda-feira (6), Turquia e Síria foram os principais países atingidos por dois grandes terremotos que causaram muita destruição, mortes e ainda muitos desaparecidos. Com tremores que chegaram até 7,8 graus de magnitude, as autoridades de ambos países já contabilizam mais de cinco mil mortes.
Em meio a esse cenário, Amilton Minervino, jogador de futebol, pernambucano de Jaboatão dos Guararapes, está na Turquia desde 2019 e nos últimos dias acertou sua transferência do Konyaspor para o Rizespor, equipe localizada em Rize, no norte do país, que atualmente está disputando a segunda divisão nacional.
"Graças a Deus estamos bem, estou aqui há cinco anos e não vi nada igual na minha vida. Ver as pessoas aqui do clube apavorados, assustados, ver o sofrimento do povo é muito triste. Esse terremoto foi em quatro cidades da Turquia, e uma delas eu tive proposta para ir ao clube, que é o Hatay. Ligaram para meu empresário, para que eu fosse pra lá, mas eu disse que não. Na última sexta-feira (3), rescindi meu contrato com o Konyaspor, saiu a notícia e eles (Hatayspor) entraram em contato com meu agente, mas não aceitei, pois já estava apalavrado com o clube (Rizespor). Já tinha falado com o treinador e gostado do projeto deles".
O Hatayspor, clube que tentou a contratação de Amilton é sediado em Hatay, disputa a primeira divisão turca, e está a menos de 200km de Gaziantep, o epicentro do primeiro tremor, que atingiu 7,8 graus na escala Richter, às 4h17 no horário local. Sobre os acontecimentos das últimas horas, o atleta relatou momentos de tensão.
"Essas últimas horas são de tristeza, aflição pelas vítimas. Tem muita gente desaparecida ainda, e o que dificulta ainda mais é o inverno pesado daqui, muita neve, muito frio e as pessoas que estão lá soterradas estão passando frio. Fala-se muito disso aqui e podem acabar morrendo congelados".
Após a tragédia que atingiu o país, todas as atividades esportivas foram suspensas. Os esforços da sociedade estão voltados para as vítimas e desabrigados.
"Toda gente está se mobilizando para ajudar com o que pode, o país todo está ajudando. Uns dão bens materiais, outros dão transferências para as contas das instituições que estão no auxílio. O país todo e todos os clubes se uniram para ajudar, os times estão com pontos de arrecadações também. E o futebol está parado por tempo indeterminado até uma segunda ordem do Ministro dos Esportes. Seguimos trabalhando, mas ontem alguns jogadores não queriam nem treinar. O treinador fez um bobinho, um aquecimento e treinamos só por meia hora porque a tristeza estava na cara do treinador, de todos os atletas, todo mundo triste".
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