BRASÍLIA

Humberto Costa é o fiador da indicação de Paulo Câmara para o BNB

Durante seu governo à frente de Pernambuco, Paulo Câmara estreitou relações com o senador Humberto Costa, eleito em sua chapa

Senador Humberto Costa (PT) - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

O presidente Lula (PT) considera o ex-governador Paulo Câmara, escolhido, ontem, para dirigir o Banco do Nordeste, um técnico por excelência, embora saiba do seu desgaste no exercício do poder no Estado em dois mandatos. O conheceu através do ex-governador Eduardo Campos, que o apresentou com esse mesmo discurso, o da excelência técnica.

Com o tempo, eleito no calor da comoção pela morte de Eduardo, Câmara virou um técnico-lítico, uma mistura de gerente operacional com ator político. Essa imagem se firmou na cabeça de Lula, que o queria mais próximo e até pensou em fazê-lo ministro, ocupando um gabinete na Esplanada dos Ministérios.

Mas o tempo, sempre o tempo, que o ex-presidente Collor dizia ser o senhor da razão, fez Lula desistir de promover Câmara a ministro, não por sua vontade, mas por má vontade das cúpulas do próprio partido do ex-governador, o PSB, tanto em nível estadual quanto federal. Queimado vivo em brasas, da noite para o dia, Câmara resolveu jogar a toalha, desfiliando-se da legenda socialista.

No seu Governo, ele aproximou-se do senador Humberto Costa, eleito em sua chapa, passando a ter com ele uma relação de confiança muito maior em relação a velhos companheiros da sua conveniência. Esses laços se estreitaram a ponto de o ex-governador chegar ao Banco do Nordeste pelo absoluto apadrinhamento de Humberto.

Em Pernambuco, Lula não faz nada sem ouvir Humberto. Na crise do PSB com Câmara foi o senador que relatou todos os pormenores da briga de Paulo com João Campos e Geraldo Júlio, antes tão próximos ao ex-governador. No BNB, Paulo Câmara chega sem filiação partidária por causa das mudanças na Lei das Estatais, mas quando voltar um dia ao cenário da política, após cumprir a sua missão no maior banco regional do País, assinará a sua ficha de filiação ao PT.

Claro, para atender a Humberto Costa, seu grande e generoso padrinho.