MUNDO

Canal do Panamá permitirá eventual passagem de navios de guerra do Irã

Canal foi construído e inaugurado em 1914 pelos Estados Unidos, que instalaram bases militares na região para protegê-lo.

Bandeira do Panamá - Pexels

O Canal do Panamá declarou nesta terça-feira (7) que navios de guerra do Irã, como de qualquer outro país, podem cruzar esta via desde que respeitem as regras, paguem o pedágio e não cometam atos hostis.

O Canal respondeu a notícias da imprensa que há semanas mencionam a eventual chegada de navios de guerra iranianos, o que representaria uma "afronta" aos Estados Unidos, que construíram a via interoceânica no início do século XX.

"Em relação às publicações [...] sobre a possível passagem de navios militares do Irã pelo Canal do Panamá, a Autoridade do Canal do Panamá (ACP) esclarece que continua cumprindo as obrigações internacionais derivadas dos tratados assinados", disse a entidade em um comunicado.

Por esta razão, a ACP "tem a obrigação de permitir a passagem de qualquer embarcação que cumpra" os requisitos de segurança, pague o pedágio e não pratique "atos de hostilidade" enquanto estiver no canal, disse.

Acrescentou que um tratado de 1977, "ao qual aderiram 40 países do mundo, estabelece expressamente que o Panamá declara a neutralidade do Canal [...] tanto em tempos de paz como em tempos de guerra".

Vários jornais locais relataram a chegada de navios da Marinha iraniana. O jornal La Estrella de Panamá escreveu em 13 de janeiro que "o Irã planeja posicionar seus navios de guerra no Canal do Panamá", pois "os iranianos estão expandindo sua presença na América Latina".

Essa polêmica foi alimentada pelo ex-governador americano Jeb Bush, que garantiu em uma coluna publicada em 16 de janeiro no The Washington Post que o Panamá está ajudando o Irã a driblar as sanções petrolíferas impostas pelos países ocidentais a Teerã.

"Sem o apoio do Panamá, o regime iraniano enfrentaria obstáculos significativos no contrabando de seu petróleo e gás ao redor do mundo", escreveu Bush, filho e irmão de ex-presidentes dos Estados Unidos.

O canal foi construído e inaugurado em 1914 pelos Estados Unidos, que instalaram bases militares na região para protegê-lo.

Em 1977, o então presidente americano Jimmy Carter e o líder panamenho Omar Torrijos assinaram os tratados que levaram à entrega do Canal ao Panamá em 31 de dezembro de 1999.

Mais de 14 mil embarcações cruzaram a rota interoceânica de 80 quilômetros em 2022, segundo a ACP, o que representa 5% do comércio marítimo mundial.