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Caso Americanas é uma fraude isolada sem efeito de contaminação na oferta de crédito, diz Itaú

Milton Maluhy, presidente da instituição, afirmou que o banco já revisou carteira de crédito do banco e não há preocupação generalizada

Fachada das Lojas Americanas - Arthur Mota/Folha de Pernambuco

O rombo de R$ 20 bilhões encontrado pela Americanas em sua contabilidade, em janeiro este ano, é um caso isolado e não tem efeito de contaminação de oferta de crédito ao setor varejista. A avaliação é do presidente do Itaú, Milton Maluhy, que classificou o episódio como uma "fraude" isolada.

O Itaú teve um lucro de R$ 7,7 bilhões no quarto trimestre de 2022, com impacto negativo de R$ 719 milhões no resultado por conta de Americanas.

Na nossa visão e pelas informações que temos hoje trata-se de um caso isolado e que não tem efeito de contaminação no primeiro momento. Olhamos o mercado e não encontramos casos semelhantes. É uma fraude isolada e é preciso acompanhar os desdobramentos, disse Maluhy durante conferência de apresentação dos resultados do banco nesta quarta-feira.

Maluhy disse que o banco já fez uma revisão da carteira de crédito do banco e não há preocupação generalizada. O presidente do Itaú afirmou que um evento de crédito como o da Americanas é uma oportunidade para reforçar os processos do banco. Maluhy afirmou que a operação de risco sacado é um produto comum no mercado, existe há vários anos e diversos países do mundo,. Ele disse que não há fragilidades de empresas do setor varejista que usam o produto.

Não vemos outro caso que requeira cuidado especial, garantiu.

Ele disse que o banco decidiu provisionar 100% das perdas com Americanas porque ainda há muitas incertezas sobre o caso. Maluhy afirmou que o fato de a Americanas ter entrado em recuperação judicial e sobre o que vai acontecer pesaram para o provisionamento total.

São valores de magnitude grande e o banco achou prudente fazer 100% de provisionamento para que não haja nos próximos trimestres impactos negativos. Qualquer recuperação ao longo do tempo terá impacto positivo nos números do banco, afirmou.

Maluhy não comentou diretamente o caso da Oi (o Itaú tem mais de R$ 2 bilhões a receber), mas disse que o nível de provisionamento que o banco tem é suficiente para não ter precopações específicas como novos casos. A Oi pediu proteção judicial em relação a novas criobranças e a expectativa é que possa fazer um novo pedido de uma nova recuperação judicial.

Críticas de Lula aos juros altos
O presidente do Itaú minimizou as críticas do presidente Lula ao Banco Central e aos juros altos e afirmou que se trata de um período de mudança de governo, equipe nova. Ele afirmou que tem tido contato com membros da equipe econômica e as conversas têm sido positivas.

O ministro Fernando Haddad tem conversado com o mercado e é importante para a equipe econômica forme sua opinião. Foi importante o anúncio para atacar o déficit previsto para este ano, e um evento relevante serão as novas regras do arcabouço fiscal. Todos os investidores estão olhando para isso, afirmou.

Ele afirmou que a indefinição disso, além da discussão sobre a revisão das metas de inflação, acabaram gerando uma desancoragem das expectativas e os agentes de mercado acabam antecipando a inflação futura. Isso traz dificuldade para o Banco Central tomar decisões de política monetária, observou.

O debate é do jogo, é normal que existam visões diferentes sobre a economia. As sinalizações do ministro da Fazenda Fernando Haddad são positivas e na direção correta. É importante tirar da curva de juros esses ruídos. A reforma tributária é fundamental e deve acontecer ainda no primeiro semestre. Não sabemos ainda o desenho, mas simplificação tributária é fundamental para termos mais produtividade, disse Maluhy.