Crise

Americanas diz que integrantes do conselho não tem e-mail da empresa

Credores tentam na Justiça ter acesso a informações de diretores e participantes do colegiado

Fachada das Lojas Americanas - Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Alvo de processo de busca e e apreensão de documentos eletrônicos, a Americanas disse à Justiça de São Paulo que os membros do conselho de administração não possuem e-mails institucionais.

A resposta da Americanas à Justiça é reflexo da decisão da semana passada obtida pelo Santander para fazer busca e apreensão como forma de produção antecipada de provas por conta da divulgação da "inconsistência contábil" de R$ 20 bilhões divulgada pelo então presidente da companhia Sergio Rial.

"Em suas comunicações eletrônicas, portanto, os conselheiros se utilizam contas de e-mail de outros servidores (tais como Gmail, Hotmail, dentre outros), sobre as quais as Americanas não possuem qualquer ingerência", disse a varejista ao juiz da 43ª Vara Cível da Justiça de São Paulo.

Assim, a varejista informa que "a despeito de a inexistência de e-mails institucionais em nome dos conselheiros das Americanas" está impossibilitada de executar a ordem judicial.

O atual imbróglio começou no dia 31 de janeiro, quando foi iniciada a busca e apreensão na sede da companhia após vitória do Santander. Depois, a varejista conseguiu interromper a busca alegando que era necessário definir os nomes cujos "e-mails" institucionais recairiam a busca e apreensão.

A varejista, então, entregou no dia seis de fevereiro, uma lista com nomes de executivos que exerceram cargos de direção, dos membros dos conselhos e comitê de auditoria da companhia ou sociedades incorporadas nos últimos dez anos.

Ainda no dia seis de fevereiro, a Justiça de São Paulo determinou "imediata busca e apreensão de documentos eletrônicos consistentes em mensagens de caixas de "e-mails" institucionais de integrantes do corpo diretivo e operacional das Americanas (áreas de contabilidade e finanças)".

Em decisão, a Justiça de São Paulo lembra que a finalidade "é obter provas para embasar ajuizamento de futura ação de reparação de danos por inconsistências contábeis".

A Americanas ainda tentou corrigir os nomes enviados na lista enviada à Justiça para buscas. Mas o magistrado recusou a mudança. "Devido à importância da causa, envolvendo produção antecipada de provas para apurar responsabilidade por dívida bilionária com instituição financeira, supõe-se que houve certa cautela na elaboração das listagens. Se existisse alguma dúvida, nomes não teriam sido incluídos pela requerida como sendo pessoas integrantes de diretoria ou conselhos", disse o juiz Paulo Rogério Santos Pinheiro.

Ele ressaltou ainda que "não houve informação sobre os cargos ou funções das pessoas" a serem excluídas da listagem, o que seria importante para analisar a alegação de erro material na inclusão dos nomes.

Em outra ação, a Americanas pede ainda que pedido similar feito pelo Itaú, para produção antecipada de provas, não seja aceita. A varejista pediu ainda segredo de justiça para o caso.