Mensagens revelam que Ibaneis minimizou alerta de Pacheco sobre risco de invasão ao Congresso
Celular de governador afastado do DF mostra que ex-secretário Anderson Torres usou recurso para apagar automaticamente o diálogo
Mensagens extraídas pela Polícia Federal no celular do governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), mostram que ele foi alertado na noite do dia 7 de janeiro pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre o risco de invasão ao Congresso Nacional. Em resposta, Ibaneis disse que a segurança já estava toda planejada e minimizou a informação.
"Estimado governador, boa noite! Polícia do Senado está um tanto apreensiva pelas notícias de mobilização e invasão ao Congresso. Pode nos ajudar nisso?", escreveu Pacheco, em mensagem enviada a Ibaneis às 20h do dia 7.
O governador respondeu quatro minutos depois: "Já estamos mobilizados. Não teremos problemas. Coloquei toda a força nas ruas".
Indícios colhidos na investigação, entretanto, apontam que a tropa da Polícia Militar estava toda de sobreaviso, mas não foi mobilizada toda para a rua no dia 8 de janeiro.
Também chamou atenção dos investigadores o diálogo entre Ibaneis e o secretário de Segurança Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, que havia viajado para os Estados Unidos naquele período.
Torres acionou um recurso no aplicativo WhatsApp para que sua conversa com Ibaneis apagasse automaticamente em 24 horas. Com isso, a PF encontrou apenas o registro de um telefonema feito por Ibaneis a Torres na tarde do dia 7 de janeiro. Em seguida, Torres enviou a Ibaneis o contato do secretário de Segurança em exercício, Fernando Oliveira.
"A análise do celular (item 1) de Ibaneis revelou que houve uma ligação por voz no aplicativo WhatsApp entre o governador e Anderson Torres, às 13:42 do dia 07/01, com duração de 38 segundos. A ligação é originada por Anderson e minutos depois o ex-Ministro envia o contato de Fernando para Ibaneis. Não foi possível saber se nesta ligação Anderson informa a Ibaneis sobre a viagem ou férias", diz o relatório da PF.
Na conversa com Fernando Oliveira, iniciada no dia 7, o secretário interino de Segurança transmitiu informações a Ibaneis indicando que ocorreria uma manifestação pacífica sem risco de atos de vandalismo.
Quando a invasão do Congresso já havia ocorrido, Ibaneis também recebeu uma cobrança da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber, que lhe enviou uma mensagem alertando sobre essa invasão. "Coloquei todas as forças de segurança nas ruas. Estamos cuidando", respondeu o governador.