Professora leva tapa no rosto de PM em terminal de ônibus no Recife
Em entrevista à TV Guararapes, mulher disse que foi vítima de transfobia
Uma professora, de 26 anos, foi agredida no rosto por um policial militar no Terminal Integrado da Joana Bezerra, na Zona Sul do Recife. O vídeo com a agressão viralizou nas redes sociais e gerou revolta.
A agressão ocorreu no final do mês de janeiro. As imagens mostram o momento em que a mulher trans desce do ônibus e um homem ao lado dela, identificado como seu marido, coloca as mãos por trás da cabeça, em sinal de rendição à ordem policial.
A mulher tenta falar algo com um dos policiais, mas é surpreendida pelo tapa no rosto. Ela contou à TV Guararapes que, antes de levar o tapa, foi vítima de transfobia por parte de passageiros do ônibus e iria pedir ajuda ao PM.
"Quando foi chegando já próximo à estação da Joana Bezerra, começaram os xingamentos tanto comigo como com o meu companheiro, cantando a música de João do Morro. Foi na hora que meu companheiro olhou para trás e disse assim: 'É comigo?'. Aí, foi na hora que se juntaram os três, os meninos que estavam lá atrás, e vieram tudinho para cima da gente. Aí, aquelas mulheres que estavam também no grupo ficaram na frente impedindo de os meninos vir para bater na gente. Foi na hora que o motorista abriu, chegou na Joana Bezerra o motorista abriu a porta de trás e desceu tudinho pela porta de trás. Quando abriu a porta do meio, eu desci correndo para me proteger", disse a professora.
A vítima ainda relata que se sentiu segura ao ver os policiais no terminal, porque achou que seria agredida pelo grupo estava xingando ela e o seu companheiro.
"Fui diretamente aos policiais para dizer a eles, foi na hora que apontei para trás para ele ver o grupo. Me identifiquei como professora, foi na hora que ele deu o tapa", completou. Os policiais teriam pedido desculpas a ela depois da agressão, segundo a professora. O grupo que estava xingando a mulher e o marido teria citado que os dois estariam armados.
Em seguida, todos foram encaminhados à Central de Plantões da Capital (Ceplanc), no bairro de Campo Grande, na Zona Norte do Recife. A professora também denunciou que foi coagida para apagar vídeos que tinha feito com o seu celular.
O que diz a SDS
Por meio de nota, a Corregedoria da Secretaria de Defesa Social informou, nesta sexta-feira (10), que identificou o policial, lotado no Batalhão de Choque.
A corregedoria também disse que "instaurou uma investigação para apurar o episódio". "O procedimento disciplinar buscará, com rigor e isenção, reunir todos elementos disponíveis, como imagens e depoimentos, de modo a elucidar as circunstâncias do fato", explicou a SDS.
"A PMPE, a SDS e as demais operativas de segurança pública orientam seus efetivos para atuar na proteção da população, preservando a vida, a integridade das pessoas e do patrimônio, dentro da técnica e do respeito à diversidade e aos Direitos Humanos. Qualquer atitude na contramão dessas diretrizes está sujeita a uma investigação séria e aprofundada, seja pela Corregedoria, Delegacia de Polícia Judiciária Militar ou no âmbito dos batalhões da PMPE", completou o comunicado da secretaria.