Saúde

Superintendente do Hospital de Câncer de Pernambuco garante funcionamento em meio à reivindicações

Ausência no reajuste da "Tabela SUS" foi criticada pelo superintendente

Leitos de UTI da instituição somam 30, após aumento no número - Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

O superintendente geral do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), Sidney Neves, garantiu que a unidade de saúde está em pleno funcionamento e estendeu o cenário a longo prazo, mesmo diante das recentes reivindicações do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), que já havia sinalizado uma possível paralisação dos cirurgiões no próximo dia oito de março.

Neves, aliás, projetou um futuro desfecho positivo na negociação entre as classes, e garantiu que o HCP e o Simepe têm diálogo aberto. “As nossas conversas estão sempre abertas. Acreditamos numa negociação e numa boa conversa. Tem que ser bom para os dois lados e acreditamos que o bom senso vai operar, em benefício do povo do estado inteiro”, frisou com otimismo.

Na tarde desta sexta-feira (10), durante uma visitação às principais instalações da unidade de saúde localizada no bairro de Santo Amaro, o gestor listou algumas conquistas mantidas pelo espaço, como o baixo índice de infecções hospitalares e a adequação às normas de promoção e proteção da saúde impostas pela Vigilância Sanitária. “As nossas estruturas dão total segurança. O número de infecções aqui é muito baixo, e ainda temos o reconhecimento de todos os órgãos sanitários. O  nosso trabalho de manutenção para isso é grande”, exaltou. 

Outras conquistas apresentadas por Neves na visita foram resultados de obras feitas recentemente, com a intenção de receber um número ainda maior de pacientes em tratamento oncológico. As salas destinadas à cirurgias foram ampliadas em quatro, somando 11 atualmente. Já a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ganhou novos 20 leitos e agora conta com 30. O setor onde são realizadas quimioterapias foi outro alvo de melhorias. 

Além da conservação dos espaços recém-inaugurados, mais avanços estruturais estão engatilhados, aumentando por consequência a necessidade de uma maior rede financeira de apoiadores. “É constante a melhoria aqui. Poucos hospitais têm 100%, porque é difícil chegar a isso. Mas, podemos dizer que a população pode ter segurança nas estruturas disponíveis hoje no Hospital de Câncer de Pernambuco. Aqui nós recebemos toda a demanda e não só isso, aqui atendemos com qualidade. A gente quer atender e quer que a população tenha certeza e segurança nisso. O que precisar ser feito, faremos. Vamos rever valores, pedir ajuda de emendas parlamentares e também contar com as doações da sociedade”, afirmou o superintendente, antes de reforçar mais dificuldades que o Hospital de Câncer de Pernambuco enfrenta por estar integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS). 

Uma ausência no reajuste da “Tabela SUS”, que funciona de parâmetro para a transferência de dinheiro a entidades filantrópicas de saúde a nível nacional, estadual e municipal, e também como “régua” para a remuneração dos profissionais, foi criticada por ele.

“Nós somos um hospital 100% SUS e oncológico. Ele é privado e sem fins lucrativos, onde todo o investimento é revertido para a instituição em si e ao pagamento de funcionários. A dificuldade está no valor que a gente recebe e no valor que a gente tem de custo. Essa diferença é que é difícil. A tabela está há anos sem reajuste e os insumos têm seus preços aumentados, como máscaras e luvas”, disse. 

“Outros hospitais pisariam no freio e não atenderiam, mas nós aumentamos salas e leitos de UTI, porque sabemos que a população precisa. Atender está no nosso DNA. A gente não acha certo não dá acesso a essas pessoas”, complementou Sidney Neves.

Aumento da doença até 2025

O diretor ainda alertou para os casos de câncer que devem se confirmar até o ano de 2025, de acordo com um estudo promovido pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). A maior parte desses diagnósticos, segundo ele, deve ser tratada no próprio HCP. 

“O estudo diz que no próximo triênio Pernambuco deverá ter 75 mil diagnósticos novos de câncer. No Recife, serão quase 15 mil, sendo cinco por ano. Atendemos 51% dessa população, fazemos 35% das quimioterapias, 43% das cirurgias e 46% das radioterapias”, assegurou.