'Dry scooping': moda da ingestão de pré-treino a seco pode trazer riscos à saúde, aponta estudo

Pesquisa da Universidade de Toronto mostra que técnica é mais comum entre adolescentes e adultos do sexo masculino, e pode causar anormalidades cardíacas e problemas digestivos

Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Toronto, publicado na revista Eating Behaviors, descobriu que um em cada cinco adolescentes e adultos jovens do sexo masculino é adepto da prática alimentar conhecida como "dry scooping". O modismo difundido por redes sociais como o TikTok é caracterizada pelo consumo de suplementos pré-treino em pó sem misturar com um líquido. Apesar dos supostos benefícios dessa prática, como o aumento da energia devido à alta concentração de cafeína, a técnica pode apresentar malefícios.

— O dry scooping pode ter sérios efeitos à saúde, incluindo problemas de inalação, anormalidades cardíacas e problemas digestivos — diz o principal autor do estudo, Kyle Ganson, professor assistente da Faculdade de Serviço Social Factor-Inwentash da Universidade de Toronto.

Analisando dados de mais de 2.700 adolescentes e jovens adultos canadenses, pesquisadores descobriram que 17% dos participantes disseram ter realizado o dry scooping pelo menos uma vez no ano passado. Eles também descobriram que os participantes que praticavam musculação e passavam mais tempo nas redes sociais eram mais propensos à prática alimentar.

A recorrência foi mais comum entre homens cisgênero (21,8%), quando comparado a mulheres cisgênero (14,2%) e participantes transgêneros e não-binários (8,0%).

O estudo também mostrou que os participantes que apresentavam sintomas clinicamente significativos de dismorfia muscular, uma condição de saúde mental caracterizada por uma busca patológica do corpo malhado, também eram mais propensos a relatar o dry scooping. Essa descoberta, segundo a pesquisa, ressalta os comportamentos potencialmente nocivos que uma pessoa pode se envolver para atingir o ideal de "corpo perfeito".

— Nossos dados mostram que novos fenômenos alimentares que se popularizam nas mídias sociais e na cultura da academia podem levar a uma maior probabilidade de engajamento. Precisamos que os profissionais de saúde e de saúde mental conheçam essas práticas dietéticas exclusivas destinadas a aumentar o desempenho e a musculatura para pensar nesses fatores de risco como áreas potenciais de prevenção e intervenção — defendeu Ganson.

Até o momento, nenhuma pesquisa empírica conhecida investigou o dry scooping de forma massiva. Portanto, o objetivo deste estudo foi caracterizar a prevalência da prática entre uma amostra de adolescentes e adultos jovens canadenses.