Ucrânia alerta para situação "complicada" diante do avanço russo em Bakhmut
O desenrolar da batalha se tornou um símbolo com a aproximação do primeiro aniversário da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro
A Ucrânia reconheceu, nesta segunda-feira (13), que a situação era “complicada” ao norte de Bakhmut, uma cidade-chave do leste do país que o exército russo tenta conquistar há meses.
Bakhmut, que tinha 70 mil habitantes antes da guerra, ficou praticamente destruída após seis meses de combates que provocaram graves perdas dos dois lados.
O desenrolar da batalha se tornou um símbolo com a aproximação do primeiro aniversário da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro.
Nas últimas semanas, as tropas russas reivindicaram avanços, sobretudo ao norte da cidade. Em janeiro, tomaram Soledar e suas minas de sal, a menos de 20 quilômetros da cidade.
O Estado-Maior ucraniano indicou em seu relatório diário que as tropas russas haviam bombardeado 16 localidades perto de Bakhmut ao longo do dia.
A Presidência da Ucrânia também admitiu que a situação era “complicada” em Paraskoviyevka, uma vila situada a apenas 10 quilômetros do centro.
No local, foram registrados “bombardeios e ataques intensos” da Rússia. O exército russo reivindicou ainda a captura de Krasna Hora, bem ao lado.
Na véspera, o chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgueny Prigozhin, havia afirmado que suas tropas tinham tomado o controle da localidade.
Os mercenários do Wagner estão na linha de frente nessa batalha.
Moscou tenta controlar toda a bacia mineira de Donbass, onde as tropas de Kiev e os separatistas pró-russos lutam desde 2014.
“Explosões todos os dias”
O porta-voz do comando “Leste” do exército ucraniano, Sergei Cherevaty, declarou no domingo que “o setor de Bakhmut” seguia sendo a “principal zona de ataques do inimigo”.
Nas últimas 24 horas, foram registrados 167 bombardeios e 41 confrontos armados na área.
Um responsável da ocupação russa no leste da Ucrânia, o líder separatista Denis Pushilin, disse na sexta-feira que as tropas de Moscou controlavam três dos quatro canais de abastecimento ucranianos a Bakhmut.
Cherevaty também apontou que houve um “número de bombardeios recorde” próximo a Lyman, uma cidade localizada mais ao norte, que foi abandonada pelos russos em outubro diante do avanço da contraofensiva ucraniana.
Em Kupiansk, ao norte do front, jornalistas da AFP viram prédios destruídos e marcas de balas. Nas ruas, alguns carros queimados estavam capotados.
Os habitantes temem um iminente ataque russo, depois de uma forte explosão esta manhã.
"Houve bombardeios na frente da minha casa, quebraram todas as janelas. Há explosões todos os dias, é assustador", contou Olga, uma moradora de 62 anos.
A Presidência ucraniana destacou ainda que a situação era "tensa" perto de Vuhledar, mais a sul, outro ponto que concentra os combates na frente oriental.
A mesma fonte informou que pelo menos três pessoas morreram e outra ficou ferida nas últimas 24 horas devido a um bombardeio em Kherson, às margens do mar Negro, no sul do país.
E em Kiev, o prefeito Vitali Klitschko afirmou que precisava de "milhares" de geradores adicionais, três dias depois que Moscou voltou a bombardear a infraestrutura energética do país.
Munições
No âmbito político, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, nomeou nesta segunda-feira Vasyl Maliuk, um oficial militar, como o novo chefe dos serviços de segurança ucranianos (SBU).
Também nomeou um novo ministro do Interior, Igor Klymenko, que terá que formar novas brigadas de assalto.
O ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, fragilizado por um escândalo de corrupção, por sua vez, estabeleceu os objetivos da próxima reunião com os aliados ocidentais, agendada para terça-feira em Bruxelas.
Entre esses objetivos estão a entrega de tanques modernos e munições à Ucrânia, o treinamento de soldados e o envio de defesas antiaéreas para lidar com mísseis russos, publicou ele no Facebook.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, alertou nesta segunda que Kiev está usando um volume de munições que excede a atual capacidade de produção da aliança militar.
“Isso coloca nossas indústrias de defesa sob pressão", declarou ele em Bruxelas.
A Ucrânia vem acumulando promessas do Ocidente de envio de armas há várias semanas. Mas Kiev pede a seus aliados que entreguem armas de longo alcance e caças para que possa enfrentar Moscou de forma mais eficaz.