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"Rombo de 0,5% do PIB", diz Haddad sobre crise na Americanas

Ministro afirmou que a crise na varejista se tornaria pública mais cedo ou mais tarde, mas que foi antecipada pela alta nos juros, hoje mantida em 13,75% pelo Banco Central

Lojas Americanas - Mauro Pimentel / AFP

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), referiu-se com indignação à dimensão da crise na Americanas, varejista que pediu recuperação judicial em caráter de urgência no último mês após vir à tona sua dívida de R$ 43 bilhões e uma lista de mais de 16 mil credores.

A empresa mergulhou em uma crise desde a divulgação de inconsistências contábeis no balanço de 2022. O estrago afetou a imagem não só da varejista, mas de seus acionistas de referência — Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, do 3G Capital.

O ministro de suas boas expectativas para a economia, apesar do "ruído todo" que contamina o mercado. Ele pediu que o Banco Central não se deixe levar pelo "estresse", como o causado, segundo ele, pela crise na Americanas.

"O André (Esteves) um dia falou para mim assim: "eu estou com um problema microeconômico". Eu falei "não, nós estamos com um problema macroeconômico", porque é 0,5% do PIB. Pô, um cara que dá um tombo de 0,5% do PIB em 16 mil credores. E nós estamos aguardando até agora (o quê), um pronunciamento? Tem que ter uma solução" declarou Haddad.

Em seguida, ele afirmou que a crise na varejista se tornaria pública mais cedo ou mais tarde, mas que foi antecipada pela alta nos juros, hoje mantida em 13,75% pela autoridade monetária. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem entrado em embates rotineiros contra a taxa, que também não passou ao largo dos comentários do ministro.

"Aquilo veio à tona por causa da taxa de juros. Você podia rolar por mais três ou quatro anos aquela bagunça lá, em algum momento ia se perceber. Mas, de repente, a taxa vai de 2% para quase 14%, o corpo boia. O cadáver que estava lá no fundo do mar sobe, e aí fica tudo exposto" disse.