SAÚDE

Carnaval: Fiocruz faz recomendações para curtir a folia com segurança e analisa cenário da Covid-19

Novo Boletim InfoGripe destaca manutenção de queda ou estabilidade de síndromes respiratórias no Brasil

Máscara no queixo - Fernando Frazão/Agência Brasil

Especialistas do Boletim InfoGripe, projeto da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que monitora síndromes respiratórias pelo país, analisaram o cenário atual da Covid-19 no Brasil e fizeram recomendações para que os foliões aproveitam o Carnaval, que volta às ruas depois de dois anos, com segurança.

De acordo com a última edição do monitoramento realizado pelos pesquisadores, baseado em dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 13 de fevereiro, a situação de 2023 é de fato muito distinta da observada nos dois anos anteriores. A maioria do país está em queda ou estabilidade para os casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG).

Ainda assim, o coordenador do projeto, pesquisador Marcelo Gomes, lembra que grandes eventos com aglomeração, como os blocos e os desfiles das escolas de samba, aumentam o risco da circulação de vírus. A mensagem não é para deixar de curtir o feriado, mas para ter em mente as situações que oferecem maior chance de contaminação e medidas que podem reduzi-las.
 

“A principal recomendação nesse Carnaval é em relação a quem está com sintomas respiratórios próximo às festas, aos blocos e aos desfiles. Se a pessoa está carregando o vírus da Covid-19 ou influenza (gripe), que também continua em baixa, fica o alerta de evitar passar em grandes eventos porque pode facilitar o processo de aumento de casos na sua localidade”, orienta o coordenador.

A medida é importante pois, se as pessoas com sintomas permanecem em casa, diminui a probabilidade de haver pessoas infectadas nos eventos e, portanto, de o vírus circular. Outro ponto abordado pelo pesquisador é a vacinação, que não deixou de ser uma das armas mais importantes no combate à Covid-19.

Ele lembra que as pessoas devem estar em dia com todas as doses orientadas pelo Ministério da Saúde para estarem protegidas contra o agravamento da doença. Isto é, três doses para todos a partir de seis meses de idade, crianças e adolescentes inclusas, e quatro para aqueles acima de 40 anos. Imunossuprimidos devem receber ainda uma dose adicional

“É extremamente importante que ela tenha uma alta adesão. Caso, de fato, haja um novo ciclo de aumento de casos nos próximos meses, o que está dentro do esperado, é fundamental ficar em dia com a quantidade de doses recomendadas para o seu caso em particular para que isso não gere impacto significativo em casos graves”,diz Gomes.

Novo boletim indica alerta no Amazonas
Nesta quinta-feira, também foi divulgada a última edição do Boletim InfoGripe.

O documento destaca que, embora ainda não impacte a tendência nacional, que segue em queda ou estabilidade, é possível observar um aumento de síndromes respiratórias por Covid-19 e gripe no Amazonas nas semanas mais recentes. Ainda não há como saber se isso indica um crescimento das doenças que preceda uma nova onda.

“Na semana passada, já tínhamos dado destaque ao ligeiro aumento dos casos positivos associados ao Influenza A no Amazonas, e, nessa atualização, o sinal já é mais claro. Por causar impacto na tendência de aumento de novos casos semanais nas semanas recentes entre o público adulto, esse dado requer um pouco mais de atenção, em particular, no estado do Amazonas”, diz Gomes.

Por faixa etária e em âmbito nacional, os casos de SRAG estão em queda entre adultos, porém apresentam um leve aumento entre crianças e adolescentes. Para o pesquisador da Fiocruz, “como esse dado está concentrado somente entre o público infantil, isso é bastante sugestivo de que não se trata de Covid-19, mas sim outros vírus respiratórios, que eventualmente podem estar aproveitando o momento de retomada das aulas para gerar um impacto um pouco maior nesse grupo em particular”.

No geral, nas últimas quatro semanas, a prevalência dos casos de SRAG associados à Covid-19 foi de 57%. No levantamento anterior, o percentual estava em 61,7% – o que mostra o recuo em relação ao impacto da doença nas internações. Enquanto isso, 26,5% foram causados pelo VSR.

Outros 1,8% dos casos foram associados ao Influenza A, e 1,6% ao Influenza B – ambos causam a gripe. Entre os óbitos, os percentuais foram de 88,7% para o novo coronavírus; 4,2% para o VSR e 2,1% para o Influenza A e 0,7% para o Influenza B.