BANCO CENTRAL

Lula diz que 'não interessa' brigar com Campos Neto, e o convida para conhecer "lugares miseráveis"

Governo e o PT criticam a taxa de juros

Lula - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (16), que "não interessa brigar com um cidadão que é presidente do Banco Central", se referindo a Roberto Campos Neto. Nos últimos dias, Lula tem criticado o banco e seu presidente pelas taxas de juros no país, definida pelo BC, atualmente em 13,75%.

— Como presidente da República, não interessa brigar com um cidadão que é presidente do banco central que eu pouco conheço. Eu vi ele uma vez — afirmou, em entrevista à CNN Brasil.

Lula ainda afirmou que, se Campos Neto "topar", ele o levará para conhecer "lugares mais miseráveis desse país". O governo e o PT critica a taxa de juros por entender que isso atrapalha o crescimento do país.

— Se ele topar, quando eu for levar o meu governo para visitar os lugares mais miseráveis desse país, eu vou levá-lo para ele ver. Ele tem que saber que a gente nesse país tem que governar para as pessoas que mais necessitam.

Nesta segunda-feira, o diretório nacional do PT aprovou uma resolução em que orienta as suas bancadas a convocarem Campos Neto para dar explicações ao Congresso Nacional sobre a taxa de juros no Brasil. A sigla também defende a revisão da meta de inflação.

Achamos exagerados os juros que temos. Achamos importante rediscutir a meta da inflação. Tiramos um posicionamento do PT de convocar o presidente do Banco Central para fazer explicações ao Congresso Nacional. Afinal, ele está indo no Roda Viva, vai em outras TVs. É importante também que ele vá ao Congresso Nacional, que é a casa representativa do povo brasileiro. Essa é a nossa posição hoje explicou a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann ao deixar o encontro realizado nesta segunda-feira.

Em meio às críticas ao BC e a Campos Neto, Lula chegou a afirmar que o banco é o responsável pela alta taxa de juros no país e que o Senado Federal pode trocar a presidência do banco. O presidente ainda defendeu que o governo “tem direito de estabelecer sua política econômica” e que não é preciso pedir “licença para governar”.

A expectativa do mercado é que a taxa Selic, em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado, se mantenha neste patamar até o fim deste ano.