Pomadas de cabelo: Anvisa contabiliza quase 800 casos de intoxicação ocular no Brasil
Agência se reuniu com empresas fabricantes na sexta-feira (17) para abordar os requisitos de segurança e os próximos passos da investigação
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) contabiliza 780 casos de intoxicação exógena, quando é provocada pelo contato com substâncias químicas, nos olhos associada ao uso de pomadas para modelar e trançar cabelos. A agência se reuniu nesta sexta-feira com empresas fabricantes dos produtos para abordar os requisitos de segurança e os próximos passos da investigação sobre os efeitos colaterais indesejáveis.
Desde o último dia 10, todas as marcas estão proibidas de serem vendidas no Brasil “até que as causas das reações estejam identificadas”. "A decisão foi resultado de uma avaliação de risco realizada pela Anvisa e foi adotada tendo em vista o aumento do número de casos de efeitos indesejáveis graves associados ao uso desse tipo de produto e a proximidade dos festejos do Carnaval", disse a Anvisa em nota.
Na reunião de ontem, realizada de forma virtual com mais de 400 representantes das empresas, a agência relatou ainda que 685 dos 780 casos de intoxicação confirmados pelo uso das pomadas foram identificados em investigação conduzida no Rio de Janeiro. Na cidade, embora apenas 685 tenham sido comprovadamente associados ao produtos, em apenas um hospital de emergência foram registrados mais três mil atendimentos oftalmológicos até o último dia 7.
Entre as ocorrências confirmadas em todo o país, associadas a 35 marcas, a Anvisa afirma que “os sinais e sintomas mais relatados foram a ceratite (inflamação da córnea), dor ocular, abrasão (lesão) de córnea, ardência ocular, hiperemia (alteração na circulação sanguínea da região), sensação de corpo estranho ocular e perda da acuidade visual”.
Em notas anteriores, a agência já havia afirmado ter recebido também relatos de perda temporária da visão, lacrimejamento intenso, coceira, vermelhidão, inchaço ocular e dor de cabeça. As queixas aconteceram principalmente depois de banhos de mar, piscina, ou mesmo de chuva após o uso dos produtos, possivelmente pela água favorecer o deslocamento da substância química nos cabelos para os olhos.
Durante o encontro desta sexta-feira, a Anvisa alertou os fabricantes sobre os requisitos técnicos obrigatórios para os produtos, e frisou que o não atendimento às medidas levará ao cancelamento das autorizações vigentes.
A agência apontou alguns componentes químicos identificados em análises que podem estar por trás dos efeitos colaterais e montou um “plano de ação para que a solução regulatória possa ser identificada com a brevidade necessária e que os produtos possam retornar ao mercado com garantia de sua segurança, a fim de proteger a saúde dos usuários”.