Carnaval do Rio recupera o sabor da liberdade
Durante duas noites, as tradicionais "escolas" de samba vão eletrizar a famosa avenida carioca
Se o carnaval no Brasil é sinônimo de libertação, o espetáculo que continua neste domingo (19) no Rio de Janeiro será seu apogeu: cem mil almas se renderão à música e às fantasias no Sambódromo, na primeira edição sem restrições por conta da pandemia.
Durante duas noites, as tradicionais "escolas" de samba vão eletrizar a famosa avenida carioca ao desfilarem com suas fantasias exóticas, confeccionadas com esmero durante meses em seus barracões nas comunidades, de onde vem a maioria delas.
Elas prometem fazer isso mesmo que chova, conforme anunciado por algumas previsões do tempo.
De fato, os últimos ensaios no Sambódromo foram realizados sob fortes chuvas que causaram alagamentos e até danificaram alguns carros alegóricos.
Mas nada impede os brasileiros na hora de comemorar sua festa popular preferida, antes da qual não consideram o início do ano. Menos ainda depois da emergência sanitária provocada pela covid-19, que obrigou o cancelamento da edição de 2021 e restringiu a edição de 2022, realizada excepcionalmente em abril.
Muitos também comemoram o fim do mandato do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, que cortou verbas para a cultura e menosprezou o carnaval.
Seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu voltar a dar asas à cultura enquanto a ministra da pasta, a cantora Margareth Menezes, desfilará no domingo com a tradicional escola da Mangueira.
- "Vida e democracia" -
O Rio celebrará "a vida e a democracia", disse o prefeito Eduardo Paes na sexta-feira, entregando simbolicamente as chaves da cidade ao personagem do rei Momo, um simpático "monarca" que "governa" durante os quatro dias de folia.
A prefeitura estima que o carnaval carioca, incluindo o carnaval de rua, que voltou a ser festejado nas ruas da cidade pela primeira vez em três anos, vai atrair um total de cinco milhões de pessoas.
No Sambódromo, 12 "escolas" desfilarão entre domingo e segunda-feira: cada uma com vários milhares de pessoas que avançarão em uníssono agitando até o último músculo.
Terão entre 60 e 70 minutos para convencer o júri de que o seu “enredo”, o tema que escolhem todos os anos, é o melhor em termos de letra, percussão, figurinos, carros alegóricos e encenação em geral.
"O Brasil não inventou o Carnaval, mas o povo do Brasil se aconchegou de tal forma à folia, dando sentidos encruzilhados ao Carnaval, que ocorreu o inverso: foi o Carnaval que inventou um país possível e original, às margens e nas frestas do projeto de horror que nos constituiu", escreveu o historiador brasileiro Luiz Antonio Simas no Twitter.