Rio de Janeiro

Enfermeira morta em tiroteio em Magé sairia cedo de bloco para dar plantão no dia seguinte

Gabriela Carvalho de Alvarenga, de 35 anos, estava no local com um grupo de cerca de 30 parentes

Enfermeira Gabriela Carvalho de Alvarenga, morta em tiroteio em Magé (RJ) - Reprodução

Morta após ser baleada durante um tiroteio na Praia de Mauá, em Magé, na Baixada Fluminense, na noite deste domingo, a enfermeira Gabriela Carvalho de Alvarenga, de 35 anos, ficaria pouco no bloco de carnaval que acontecia no local, já que daria plantão na manhã do dia seguinte em uma policlínica da cidade.

Além dela, a menina Maria Eduarda Carvalho Martins, de apenas 9 anos, também não resistiu aos ferimentos, enquanto outros 18 feridos em meio ao confronto precisaram receber atendimento em hospitais da região.

Gabriela estava no bloco com um grupo de cerca de 30 parentes. Dois deles também foram alvejados: uma cunhada, que está grávida e foi atingida de raspão e não precisou de atendimento médico; e Thalisson de Abreu, de 15 anos, primo do marido de Gabriela, foi baleado na coxa esquerda, com fratura exposta e transpassando para a coxa direita. Ele ainda aguardava por cirurgia na mesma unidade de saúde até o fim da manhã desta segunda-feira.

 

– Ela só ia ficar um pouco no bloco, trabalharia hoje. Foi lá e acabou morrendo – lamentou Edson Bastos, parente de Gabriela, enquanto aguardava notícias sobre outros familiares no hospital.

A técnica de informática Sabrina Bastos Figueiredo estava com o grupo no momento do tiroteio. Segundo ela, a família já curtiu o carnaval no local em outros anos, sem nenhuma ocorrência parecida.

– Foi um salve-se quem puder. Tudo muito rápido. Só depois que acabou que a gente foi identificar os baleados – lembra ela.

'Local errado na hora errada': 'Ele saiu de casa para se divertir e aconteceu isso', diz pai de adolescente baleado em bloco de carnaval em Magé

Sebastião Basílio, pai de Thalisson, chegou a passar a mal na manhã desta segunda em frente à emergência do hospital. Ele contou que o adolescente foi até o bloco com os irmãos.

– Não tem muita coisa para contar. Eu estava em casa quando recebi a notícia. Uma fatalidade. Ele saiu de casa para se divertir com os irmãos e aconteceu isso, fazer o quê? Infelizmente, ele estava no local errado e na hora errada. Ele falou para a mãe: "Fica tranquila, está tudo bem". Estou triste, coração despedaçado. Seu filho sai para se divertir e você recebe notícia de uma tragédia dessas. Graças a Deus ele está bem, mas pessoas tiveram perdas – disse Sebastião.

Discussão por banheiro
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). De acordo com testemunhas, o tiroteio teve início após uma discussão entre um suspeito de integrar uma milícia que age na região e um policial civil que estava no local. O embate teria sido causado por divergências sobre o uso de um banheiro que atendia aos foliões no bloco.

Em meio à briga, Flávio Serafim da Silva Junior, de 40 anos, conhecido como Bu, teria sacado uma arma. Neste momento, o policial civil Rodolfo Paulo de Brito Santos, de 51 anos, empunhou a própria pistola, pertencente à corporação, dando início ao confronto à bala. Tanto o suspeito quanto o agente estão entre os internados.

Flávio tem passagens na polícia pelos crimes de receptação e lesão corporal no âmbito de violência doméstica e era considerado evadido do sistema prisional. Segundo relatos, ele passou a integrar um grupo paramilitar que atua em Magé. O suspeito recebeu voz de prisão em flagrante no hospital.