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Leandro Hassum explora novos caminhos na tevê aberta; confira entrevista

À frente de "Minha Mãe Cozinha Melhor que a Sua", o comediante inaugura como apresentador

Leandro Hassum - Divulgação

              Com um pensamento rápido e uma personalidade inquieta, Leandro Hassum coleciona experiências em sua carreira. Ao longo das últimas décadas, o humorista tem explorado cada área possível de uma trajetória artística. De volta à Globo, onde se consagrou em programas dramatúrgicos de humor, ele retorna em um novíssimo papel: apresentador.

              À frente da primeira temporada de “Minha Mãe Cozinha Melhor que a Sua”, Hassum se mostra pronto para desbravar o entretenimento da emissora além da comédia tradicional. “Quero me divertir e ter aprendizados. Um reality é algo completamente novo para mim. Sou movido por esses desafios. Estou cercado de muitos detalhes novos dentro de um estúdio. Mas conto com uma equipe veterana nesse formato e que me ajuda demais”, explica.

              No programa, quem coloca a mão na massa são os filhos. As mães só podem ajudar de longe, dando orientações e dicas. Hassum é responsável por comandar a dinâmica e ainda dá seus pitacos e dicas, e conta ainda com a parceria dos chefs Paola Carosella e João Diamante, que avaliam os preparos.

“A parceria com o João Diamante e Paola foi muito bacana. Chegamos com muito medo, por seremos de universos diferentes; eu sou um cara do humor, a Paola vem de programas nos quais tinha que selecionar pessoas que queriam ser chefs, o João vem também de um universo totalmente diferente, muito rico, com uma valorização muito grande da nossa comida e do tempero brasileiro; eles têm personalidades totalmente diferentes e mesmo assim conseguimos achar uma liga”, elogia.

Você tem uma longa passagem pela Globo e agora volta em uma nova posição. Como está sendo encarar essa estreia na apresentação de um reality-show?

É algo muito novo na minha carreira. Então, tudo que eu encaro fazer é para me divertir e acumular algum tipo de aprendizado. Um reality é muito novo para mim, ainda mexe com culinária e tudo. Faço de tudo para ser um programa leve, divertido, família. Amo me desafiar em tudo o que faço, né? Seja na tevê, no teatro, na dublagem, dirigindo... Por enquanto, meu maior desafio está sendo me acostumar com o ponto eletrônico.

Como assim?

O ponto eletrônico é insuportável (risos). E não estou falando da galera que fica no meu ouvido. Eles são ótimos. Mas, de repente, estou tranquilo gravando e vem uma voz no ouvido. Como é algo meio novo para mim, ainda não me acostumei com esse negócio. Pego uma colher e vem uma voz (risos). Mas não posso desconcentrar de tudo no estúdio, preciso fazer uma brincadeira, olhar o TP (teleprompter), falar com os jurados... É um novo aprendizado.

Como era o clima nas gravações?

As gravações foram muito gostosas. Estar de volta à Globo é muito bom, encontrar amigos, matar a saudade de uma empresa que fiquei durante 21 anos, fazendo um formato totalmente diferente e novo para mim, mais um desafio na minha carreira. Gostei mais das dicas que eu ficava roubando da Paola Carosella e do João Diamante. Foi muito bacana poder entender um pouco mais de cozinha porque, apesar de saber cozinhar bem, modéstia à parte, recebi dicas preciosas que acabamos, como amadores, não sabendo. Ver as famílias juntas também é muito legal, ver o entrosamento das mães com os filhos foi muito divertido. Também achei uma dinâmica bem surpreendente.

Por quê?

Me surpreendi com a forma como nós, na hora do desespero, somos capazes de realizar coisas. Até mesmo com a reação dos jurados – às vezes ficávamos assistindo enquanto o candidato estava produzindo e dizíamos: “não vai sair nada dali”; bate um desespero, uma angústia e, ao final, saíam coisas muito gostosas – às vezes, não (risos). Tivemos dias de comida bem esquisita, mas também coisas bem gostosas que os filhos com as mães realizaram.

Você é bastante conhecido pelos trabalhos com improviso. Tem encontrado espaço para criar em cima do roteiro do programa?

Sim, eu gosto muito de improvisar, saio do texto, falo à beça... Mas, para que tudo isso aconteça, eu preciso ser dirigido. Só consigo improvisar e brincar em cima do que já existe. Existe uma confusão enorme de falarem assim: “O Hassum é ‘indirigível’, indomável”. Na verdade, sou dócil e domável. Prefiro entregar mais e a direção me podar. É melhor do que ficar me segurando. Aliás, existe uma diferença entre improviso e gracinha.

Qual?

Quando você sai do texto e não tem um texto para onde voltar, isso não é improviso, é gracinha. Quando você improvisa e volta para a história, aí isso é um improviso bacana. Eu sou colaborativo. Tenho para onde voltar? Improviso. Se tirar o foco da ação, é gracinha. A gente tem uma equipe de reality aqui muito profissional para me ensinar e também permitir que eu possa trazer um pouco da minha persona.

O programa é uma adaptação de um formato já feito em outras emissoras e, inclusive, na própria Globo. Como você lida com as comparações e críticas?

Nunca fiz programa para crítico. Me preocupo com a audiência. Minha preocupação é com o público. Se o público está gostando, então para mim está lindo. Crítica não é unânime em lugar nenhum. Para não sair do universo da culinária, sempre vai ter alguém que não vai gostar do bolo, mas tem alguém que gosta.

Você tem alguma intimidade com a cozinha?

Eu gosto de cozinhar. Faço alguns pratos para a minha família. Como cozido, pernil, que cozinho muito bem, ou carne assada. Essa é famosa, faço uma belíssima carne assada (risos).

Sala de aula

              A gastronomia já fazia parte da trajetória de Leandro Hassum muito antes de assumir o comando de “Minha Mãe Cozinha Melhor que a Sua”. Enquanto morou na França, o humorista chegou a fazer cursos livres na renomada Le Cordon Bleu, que figura na lista das melhores escolas gastronômicas do mundo, fundada em Paris, em 1895. “Fui estudar para ser palhaço, no Cirque du Soleil, mas acabei fazendo outras coisas. Nas horas vagas, como gosto de cozinhar, fazia cursos livres por lá. Aprendi a fazer macaron, torta, risoto...”, relembra.

              Inclusive, macaron é uma das especialidades de Hassum na confeitaria. Porém, ele confessa que precisa de tempo e paciência para preparar esta espécie de biscoito recheado feito com claras e farinha de amêndoa. “Faço muito bem macaron, mas dá muito trabalho. Tem muitos processos e passos. Então, eu preciso estar com tempo e paciência, porque exige bastante”, explica.

Sabor e afeto

              Para Hassum, “Minha Mãe Cozinha Melhor que a Sua” é um programa de memória afetiva. Por isso, ao longo das gravações, ele teve uma série de lembranças do cozido que sua avó fazia. “Foi passando de mãe para filho. Não é aquela comida que tem aparência bonita. Eram os legumes inteiros, batata cortada na metade, folhas de couve inteiras e as carnes todas ali dentro... Aquele panelão na cozinha, um pirão para comer junto com arroz, azeite, pimenta...”, descreve.

              Há alguns anos morando nos Estados Unidos, Hassum faz questão de comer o cozido em suas passagens pelo Brasil. “É a comida que eu mais amo. Toda vez que eu estou no Brasil eu peço pra minha mãe fazer o cozido que minha avó fazia, me remete muito à minha infância. A família ama um cozido”, celebra.