Coreia do Norte testa quatro mísseis de cruzeiro estratégicos
O aumento do número de testes armamentistas em Pyongyang provoca o temor de um possível teste nuclear
A Coreia do Norte anunciou nesta sexta-feira (24) que testou quatro mísseis de cruzeiro estratégicos e alertou que a intensificação das manobras militares conjuntas entre Estados Unidos e Coreia do Sul "podem ser consideradas uma declaração de guerra".
O anúncio aconteceu pouco depois da revelação de que os dois países aliados participarão em um exercício de "simulação" no Pentágono sobre como responder a um eventual ataque nuclear de Pyongyang.
O aumento do número de testes armamentistas por parte do país isolado provoca o temor de um possível teste nuclear, que seria o primeiro desde 2017.
A agência oficial norte-coreana KCNA afirmou que as Forças Armadas lançaram quatro mísseis Hwasal-2, que percorreram 2 mil quilômetros antes atingir "com precisão" o Mar do Japão.
A KCNA destacou que "os lançamentos demonstraram novamente a posição militar das forças de combate nuclear norte-coreanas, capazes de responder a forças hostis".
O ministério da Defesa da Coreia do Sul indicou que os dados anunciados por Pyongyang divergem do que foi detectado por seus serviços de vigilância e pelas forças dos Estados Unidos.
Alvo de várias sanções da ONU, a Coreia do Norte não está proibida de lançar mísseis de cruzeiro, mas na semana passada o país executou vários disparos de projéteis vetados, o que rendeu uma condenação do secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres.
Entre os projéteis, o regime norte-coreano lançou um míssil balístico intercontinental que caiu na zona zona econômica exclusiva do Japão e que, segundo Pyongyang, demonstrou sua capacidade para executar um "contra-ataque nuclear fatal sobre forças hostis".
Guterres disse que as ações eram "provocadoras", mas o governo da Coreia do Norte respondeu que as declarações foram "injustas e desequilibradas" porque não levaram em consideração o direito à autodefesa.
De modo paralelo ao aumento dos testes de armas de Pyongyang, Estados Unidos e Coreia do Sul intensificam as operações militares e ativos estratégicos americanos voltaram a ser mobilizados na região.
A Coreia do Sul tenta tranquilizar sua população, cada vez mais nervosa, sobre o compromisso dos Estados Unidos com a chamada dissuasão prolongada, em que os ativos americanos, incluindo armas nucleares, servem para evitar ataques contra aliados.
O Sul não tem armas atômicas e mantém seu compromisso oficial com a não proliferação nuclear - apesar da campanha de algumas pessoas para que o país considere a possibilidade de desenvolver suas próprias armas nucleares.
A estratégia conta com os exercícios de simulação realizados no Pentágono, concentrados nas "possíveis opções para responder ao uso de armas nucleares" da Coreia do Norte.
O regime comunista, no entanto, reage com fúria aos exercícios, que considera um treinamento para uma invasão.
Depois de tomar conhecimento da última simulação, o governo norte-coreano afirmou em um comunicado que "as práticas hostis e provocadoras dos Estados Unidos podem ser consideradas uma declaração de guerra".
"A única forma de evitar o círculo vicioso da escalada da tensão militar (...) é que os Estados Unidos demonstrem uma posição clara e prática de abandonar seu compromisso de implantar ativos estratégicos e suspendam as manobras conjuntas", acrescentou.