INFLAÇÃO

Recifenses reclamam de altas nos preços dos alimentos; batata e cenoura puxam inflação para cima

Consumidores notam os aumentos e se queixam de preços altos

Preço da cenoura aumentou em janeiro de 2023 - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

A alta nos preços dos alimentos segue apertando o bolso dos recifenses. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação no Brasil, os produtos que puxaram a alta registrada no grupo Alimentação e Bebidas foram a batata inglesa, que subiu 14,14% em janeiro, e a cenoura, que teve um aumento de 17,55% no preço médio.

Nas imediações do Mercado de São José, localizado na Região Central do Recife, consumidores notaram os aumentos e reclamaram dos preços. A cozinheira Elaine Teixeira, 41, diz que teve que aumentar a quantia de dinheiro destinada à feira. “As comidas continuam muito caras. A cebola ainda não baixou, como diziam que aconteceria; só o tomate que caiu um pouco. Antes eu trazia uma quantia que era suficiente para comprar tudo, mas agora tenho que aumentar esse valor”, conta Elaine, que trabalha em um restaurante.

As queixas da aposentada Joana Maria, 70, são semelhantes. “Eu acho que as coisas estão muito caras. Venho aqui [no Cais de Santa Rita] porque há opções mais baratas, mas tem coisas como batata, cará e inhame que estão caras. Muitas vezes, eu só pego uma entre essas opções”.


Além dos consumidores, comerciantes também reconhecem que alguns produtos apresentaram oscilações nos preços e dizem que esses aumentos têm impactado nas vendas. Eneide Santana, 56, que vende frutas e verduras no Centro do Recife desde os 12 anos, conta que a procura por alguns itens, como a batata, baixou. “Nos centros de distribuição, como no Ceasa, os vendedores dizem que estão chegando poucas quantidades de alguns produtos”, relata a vendedora.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo monitoramento da inflação através do IPCA, as altas da batata e da cenoura acontecem por causa da alta incidência de chuvas nas regiões produtoras.

Outros produtos, no entanto, têm apresentado queda nos preços médios por causa da maior oferta, ligada a fatores sazonais. A cebola, por exemplo, que teve alta de mais de 130% acumulada no ano passado, apresentou uma queda de -22,68% em janeiro de 2023.

O vendedor Valmir José, 40, diz que outros fatores, como o aumento nos custos de transporte, afetam diretamente os preços. “A cenoura foi o que mais sentimos a alteração. Isso tem a ver com a questão das chuvas mais ao sul do país. Desde o início da pandemia, os preços estão em um patamar semelhante”, aponta Valmir.