De Caiado a Romário: quais os apoiadores de Bolsonaro já visitaram o Planalto desde janeiro
Por trás das conversas está o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha
Passados quase dois meses, são cada vez mais comuns acenos de políticos aliados de Jair Bolsonaro em direção ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como o do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que esteve no Palácio do Planalto nessa quinta-feira (23). Pelos corredores do prédio já passaram, inclusive, nomes do próprio partido do ex-presidente, como o senador Romário (PL-RJ) e o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes, e deputados federais do PSDB, partido notoriamente conhecido pela oposição ao PT.
Por trás das negociações está o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável por articulação do governo, que não que não tem traçado fronteiras políticas na busca pela governabilidade. Foi com ele que o governador de Goiás se reuniu, alegando que "estados não sobrevivem sem a participação da União.
— Essa é a maneira republicana de se governar. É lógico que estado não sobrevive sem que haja essa participação conjunta com o governo federal, tanto é prova disso que estamos aqui hoje para tratar de um assunto de extrema relevância, que é o transporte coletivo na região do Distrito Federal e do entorno — falou Caiado.
O político pontuou também que em seu primeiro mandato, precisou do apoio da oposição para garantir sua governabilidade, mesmo só contando com o apoio de 14 prefeitos durante a campanha eleitoral.
— É extremamente importante essa convivência pacífica e respeitosa ao resultado das urnas. Não teria outra maneira de responder que não seja essa. Eu quando governador de Goiás tive o apoio de 14 prefeitos e governei com 246. Nunca discriminei alguém por não ter tido apoio dele — afirmou.
Para angariar espaço para Lula dentro do PL, o governo se valeu de conflitos internos que emergiram no partido após as eleições. Nos cálculos de lideranças do próprio partido, até um quarto dos 110 deputados e senadores da sigla tendem a votar com o Executivo, como antecipou o blog da colunista Malu Gaspar, em troca, claro, de cargos e influência. O grupo é formado por congressistas sem vínculos fortes com o bolsonarismo, que integram o chamado "PL raiz", e que rivalizam com políticos do grupo duro de apoio a Bolsonaro.
No PSDB, as conversas têm acontecido com deputados federais, que ganharam livre acesso ao Palácio do Planalto. Como noticiou o colunista Lauro Jardim, o parlamentar Dagoberto Nogueira (MS) foi recebido por Alexandre Padilha, e a deputada Leda Borges (GO) se encontrou com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais.
Quem também se aproximou de Lula foi o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, ex-ministro no governo de Bolsonaro. Os dois se reuniram para enfrentar a tragédia das chuvas no litoral paulista, o que incomodou parte da militância bolsonarita.