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Presidente do Peru anuncia "retirada definitiva de embaixador no México

O anúncio aconteceu no mesmo dia em que López Obrador chamou Boluarte de "espúria"

A presidente peruana Dina Boluarte fala durante coletiva de imprensa com membros da imprensa estrangeira em Lima, em 24 de janeiro de 2023 - Cris Bouroncle / AFP

A presidente do Peru, Dina Boluarte, anunciou na sexta-feira (24) a "retirada definitiva" do embaixador peruano no México, alegando que o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador "viola o princípio de não interferência em assuntos internos" ao apoiar o destituído e detido ex-presidente peruano Pedro Castillo.

O anúncio aconteceu no mesmo dia em que López Obrador chamou Boluarte de "espúria" e insistiu que o "México vai continuar apoiando o presidente (Castillo) injusta e ilegalmente destituído".

"Rejeito energicamente as expressões formuladas hoje pelo presidente do México sobre assuntos internos do Peru. E os questionamentos inaceitáveis, que formula de maneira reiterada sobre a origem constitucional e democrática de meu governo", afirmou Boluarte em discurso, ao lado de seu chefe de gabinete, Alberto Otárola, e da chanceler peruana, Ana Cecilia Gervasi.

López Obrador declarou na sexta-feira que tanto a presidente Boluarte como o Congresso têm desaprovação de entre 85% e 90% nas pesquisas, "e mesmo assim governam com baionetas e com repressão, com a força, mais de 60 já foram assassinados".

A retirada do embaixador de Lima na Cidade do México, Manuel Talavera Espinar, significa que "as relações diplomáticas entre Peru ficam formalmente a nível de encarregado de negócios", afirmou a presidente peruana.

Boluarte disse que o presidente López Obrador "decidiu apoiar o golpe de Estado efetuado pelo agora ex-presidente Pedro Castillo em 7 de dezembro de 2022", que segundo ela teve a "rejeição unânime das instituições que integram a ordem democrática no Peru" e motivou a destituição constitucional de Castillo pelo Congresso peruano.

Castillo, um professor de esquerda, está detido no Peru desde 7 de dezembro, acusado de rebelião depois que tentou dissolver o Congresso e governar por decreto.

O ex-presidente foi detido pela polícia quando seguia com a esposa e os filhos para a embaixada mexicana em Lima.

A então primeira-dama, Lilia Paredes, conseguiu entrar na representação diplomática com os filhos e viajou para o México.

Paredes foi recebida na quinta-feira por López Obrador. Após o encontro, o presidente mexicano declarou: "Eu a abracei e expressei minha solidariedade com o povo do Peru, sobretudo o povo humilde, pobre, indígena, humilhado".

O chefe de Estado mexicano afirmou que "infelizmente há muito racismo e classismo e muitos interesses escusos no Peru" por parte da classe política.