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Mesmo com volta de impostos, gasolina ainda deve se manter mais vantajosa que etanol em 4 estados

Governo decidiu reonerar mais a gasolina que o etanol, fazendo referência à questão ambiental, mas ainda assim o combustível de origem fóssil deve seguir mais atraente na bomba

Posto de combustível - Marcello Casal jr/Agência Brasil

Com a reoneração de R$ 0,47 para a gasolina e de R$ 0,02 para o etanol com a volta dos impostos federais (PIS/Cofins e Cide) sobre os combustíveis, motoristas logo se questionam qual das opções é mais vantajosa na hora de abastecer. Afinal, mesmo sendo uma volta parcial dos impostos, o consumidor vai sentir no bolso e a medida vai influenciar a inflação de março.

O governo informou que os números foram definidos considerando a necessidade de tornar o etanol, um biocombustível, mais atraente que a gasolina, de origem fóssil, que é responsável por emissões de gases que agravam o efeito estufa. Mas os números preliminares indicam que o álcool seguirá menos econômico que a gasolina nos grandes centros.

Segundo a Fazenda, na prática, o aumento no litro da gasolina vendido na bomba deve ser de R$ 0,34. Isso porque é preciso subtrair do aumento a redução de R$ 0,13 por litro no preço da gasolina vendida pela Petrobras às distribuidoras, como a estatal anunciou nesta terça-feira (1°).

O preço médio da gasolina no Rio de Janeiro, segundo a ANP, é R$ 4,97. Deve subir então para R$ 5,31. Enquanto isso, a média do litro do álcool vai subir de R$ 4,25 para R$ 4,27.

Vantagem ainda é da gasolina
Para saber qual combustível é mais vantajoso na hora de abastecer, a regra é sempre a mesma: basta que os motoristas multipliquem o preço do litro da gasolina por 0,7, já que o desempenho de cada litro do etanol representa 70% do da gasolina. Se o resultado ficar abaixo do preço do litro do etanol, a gasolina é mais vantajosa.

Aplicando esse multiplicador, mesmo com a reoneração, a atual vantagem da gasolina deve se manter no Rio de Janeiro. O mesmo deve acontecer para os motoristas de São Paulo, Minas e Distrito Federal.

Segundo a ANP, a gasolina em São Paulo, Distrito Federal e Minas custa em média hoje de R$ 4,95, R$ 4,96 e R$ 4,97, respectivamente. Passarão para R$ 5,29, R$ 5,30 e R$ 5,31, nesta ordem.

A média do álcool é R$ 3,69 em SP; R$ 3,91 no DF; e R$ 3,76 em MG. Sobe para R$ 3,71, R$ 3,93 e R$ 3,78.

Para comparar, aplica-se o multiplicador 0,7 ao preço da gasolina, já que o desemprenho do álcool é 70% do de um litro do combustível fóssil. O resultado é R$ 3,70 para SP; R$ 3,71 no DF e R$ 3,72 em MG. A gasolina vence o álcool nos três estados.

Resultado da comparação depende da região
O professor de Ciências Contábeis do Ibmec-RJ, Paulo Henrique Pêgas, lembra que a vantagem do etanol sobre a gasolina ou vice-versa depende dos diferentes preços dos dois combustíveis nas diferentes regiões do país.

"O etanol só deve ser mais vantajoso em áreas como Ribeirão Preto, em São Paulo, ou alguns estados do Nordeste, que têm usinas de açúcar e o álcool fica mais em conta por estar mais próximo do consumidor. Tirando isso, a gasolina vale mais a pena" explica."Mesmo que o governo hoje reonerasse toda a alíquota, ainda assim a gasolina hoje continuaria mais vantajosa."

Correr para encher o tanque?
Mudanças nos impostos sobre combustíveis costumam ter efeito quase imediato nas bombas dos postos. Uma vez detalhada a reoneração de gasolina e etanol hoje pelo governo, quanto antes o motorista abastecer, maior a chance de ele conseguir preço mais baixo.

O professor do Ibmec-RJ afirma ainda que, quem puder, deve reabastecer o tanque antes do aumento, que passa a valer nesta quarta-feira (dia 1º). Mas sem pânico e correria:

"Os postos trabalham com estoques, com combustível nos tanques, então esse aumento não deveria vir imediatamente, mas pode acontecer de (os estabelecimentos) já amanhecerem com os preços mais altos, então vale aproveitar os preços antes da reoneração, sim. Se puder, vale a pena. Mas sem desespero."

Preços já estão em alta
No entanto, muitos postos já começaram hoje a elevar preços de combustíveis preventivamente.

Pesquisa de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP) divulgada há pouco aponta que muitos postos já vinham elevando preços dos combustíveis com a perspectiva de volta dos impostos, já que a MP que garantia a desoneração expira hoje.

O preço médio do litro da gasolina vendida nos postos passou de R$ 5,07, na semana entre os dias 12 e 18 de fevereiro, para R$ 5,08 , na semana passada. É uma alta de 0,19%. Foi ainda o primeiro aumento depois de duas semanas seguidas de queda na bomba.

O preço mais alto da gasolina foi na Bahia: R$ 7.

Reoneração dos combustíveis deve levar inflação a 0,7% em março
A reoneração de R$ 0,47 para a gasolina e R$ 0,02 para o álcool com a volta dos impostos federais (PIS/Cofins e Cide) deve causar um impacto entre 0,33 e 0,39 ponto percentual no IPCA em março, calculam economistas.

"A reoneração parcial representa 68% do total dos impostos. O impacto no IPCA deverá ser de 0,33 ponto percentual, com o índice fechando este ano em 6,5% frente aos 6,25 estimados anteriormente" diz Yihao Lin, coordenador de economia da Genial Investimentos.

O economista André Braz, do Ibre/FGV, estima que a gasolina pode subir 6,5% nas bombas em março, o que contribuiria com 0,35 ponto percentual para a inflação.

Com isso, o Ibre estima que a inflação fique em 0,7% em março em função da reoneração da gasolina, combinada com outros fatores. O combustível, segundo ele, representa 5% do orçamento das famílias. Já o impacto do etanol ele considera muito pequeno.