Petrobras

Paridade de importação é o preço do nosso concorrente e não o nosso, diz presidente da Petrobras

Nos bastidores, nova gestão da empresa estuda adotar parâmetro com base em 85% dos custos nacionais, tendo só 15% do preço com referência internacional

Jean Paul Prates, novo presidente da Petrobras - Michel Jesus / Câmara dos Deputados

Em teleconferência com analistas do mercado financeiro por ocasião da divulgação dos resultados financeiros da Petrobras - a empresa registrou lucro recorde de R$ 188 bilhões em 2022 - o presidente da estatal, Jean Paul Prates, criticou a atual política de preços da petrolífera.

Segundo Prates, a empresa estava operando com uma capacidade de refino muito baixa o que, segundo ele, seria um indicativo de interferência do governo. Isso abriu espaço para a importação de combustíveis, o que "provavelmente vai mudar".

- Tivemos uma política de preços interna que não é da Petrobras e sim do governo, em que foi instituído o preço de paridade de importação (PPI), que é o preço do nosso concorrente e não necessariamente é o nosso preço.

Como O GLOBO antecipou nesta quinta-feira (2), a nova administração da Petrobras estuda acabar com a Paridade de Preços de Importação (PPI), adotada pela empresa desde 2016, que leva em conta a cotação do internacional do petróleo e o câmbio como 100% de referência para o preço do petróleo vendido pela estatal.

A proposta em discussão, segundo fontes, prevê que apenas 15% do cálculo esteja atrelado às cotações de petróleo e dólar. Os outros 85% da fórmula teriam como base os custos de produção nacional de petróleo.

O cálculo pode sofrer pequenas variações no caso do diesel e da gasolina já que o volume de importações é diferente. O debate sobre o novo modelo ainda não chegou ao âmbito do Conselho de Administração da estatal, o que só deve ocorrer após a assembleia geral de acionistas prevista para 27 de abril.

Na teleconferência com analistas, Prates disse que não é a Petrobras que fará a política de preços de combustíveis no Brasil:

- A Petrobras tem a política comercial dela. Ela vai buscar o melhor cliente nas melhores condições e vai dar a eles a melhor condição para não perder uma proposta de venda de combustível ou derivado em geral ou gás natural. E vai se defender quando for acusada de que está tirando esse ou aquele concorrente (do mercado).

Prates disse ainda que "não necessariamente vai vender ativos por decisões governamentais".

- Não vamos nos desfazer de refinarias ou de regiões inteiras do país simplesmente porque o governo quer. Vamos fazer decisões de empresa. Quando houver oportunidade de territórios do Brasil ou exterior, vamos perseguir. Quem vai decidir isso não é um imperador ou uma pessoa só. É o Conselho e a diretoria executiva. É um diálogo aberto com investidores.