Conflito

Rússia denuncia 'ataque terrorista' na fronteira por 'sabotadores' ucranianos

O Serviço Federal de Segurança confirmou o balanço de um civil morto e uma criança ferida

O presidente russo, Vladimir Putin, chamou os agressores de "terroristas e neonazistas" - Mikhail Metzelsputnik/AFP

A Rússia denunciou nesta quinta-feira (2) que um grupo de combatentes ucranianos entrou no sul de seu território e abriu fogo contra civis, uma acusação rejeitada pela Ucrânia, que a chamou de "provocação deliberada".

O presidente russo, Vladimir Putin, chamou os agressores de "terroristas e neonazistas".

O Exército russo "protege a Rússia e nosso povo contra os neonazistas e os terroristas (...) Aqueles que cometeram um novo ataque terrorista hoje se infiltraram em nosso território fronteiriço e abriram fogo contra civis", afirmou em um discurso exibido na televisão.

Putin cancelou uma viagem prevista para o Cáucaso russo, informou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

O Serviço Federal de Segurança (FSB) e as autoridades locais de Briansk anunciaram nesta quinta-feira operações para "eliminar" um grupo de "sabotadores" ucranianos infiltrado nesta região, que fica 400 quilômetros ao sudoeste de Moscou.

"A situação nas localidades do distrito de Klimovski, na região de Briansk, está sob controle das forças de segurança. Um grande número de explosivos de diferentes tipos foi encontrado", afirmou o FSB posteriormente, segundo as agências de notícias russas.

O FSB confirmou o balanço de um civil morto e uma criança ferida, divulgado mais cedo pelo governador regional, Alexander Bogomaz, que disse que "um grupo de reconhecimento e de sabotagem entrou na localidade de Lyubechane pela Ucrânia".

"As Forças Armadas da Federação Russa estão tomando todas as medidas necessárias para eliminar este grupo", acrescentou.

De acordo com o governador, "os sabotadores abriram fogo contra um veículo em movimento".

O grupo ucraniano teria feito reféns, segundo as agências de notícias russas Ria Novosti, TASS e Interfax, que citaram testemunhas e fontes das forças de segurança. A AFP não conseguiu verificar essas informações com fontes independentes.

Em dois vídeos publicados nas redes sociais, quatro homens de uniforme que afirmam serem membros de um grupo de "voluntários russos" do Exército ucraniano reivindicam terem-se infiltrado em Briansk. Nas gravações, cuja autenticidade a AFP também não pôde verificar, os homens negam terem tomado reféns, ou matado civis, e criticam Moscou.

Ao mesmo tempo, o conselheiro de Segurança da presidência da Ucrânia, Mikhailo Podoliak, classificou as afirmações como uma "provocação deliberada" da Rússia com o objetivo de "assustar sua população para justificar" a ofensiva no território vizinho.

Pololiak disse que o incidente pode estar relacionado com uma ação de "milicianos" russos, que operam com métodos de guerrilha.

As regiões russas de fronteira com a Ucrânia foram alvo de vários bombardeios desde o início do conflito, mas é incomum que as autoridades apresentem relatos sobre um grupo de sabotadores.