Argentina comunica fim de pacto de 2016 com Reino Unido sobre Malvinas
A notificação ocorreu durante uma reunião entre o chanceler argentino, Santiago Cafiero, e o secretário de Relações Exteriores britânico, James Cleverly, no encontro do G20
O chanceler argentino, Santiago Cafiero, notificou nesta quinta-feira (2) ao secretário de Relações Exteriores britânico, James Cleverly, a decisão de encerrar um acordo bilateral de 2016 em relação às Ilhas Malvinas, informou Cafiero no Twitter.
A notificação ocorreu durante uma reunião entre os dois chefes diplomáticos, à margem da cúpula de chanceleres do G20 em Nova Délhi, na Índia.
"O governo argentino propôs retomar as negociações pela questão da soberania e para isso promove uma reunião na sede das Nações Unidas em Nova York", explicou o ministro argentino.
Ele disse que propôs "uma agenda de assuntos que, pelo menos, deve ser parte do processo de negociação que impulsionamos".
"A Argentina cumpre desta forma com o mandato da Assembleia Geral e do Comitê de Descolonização das Nações Unidas", pontuou.
O Reino Unido expressou sua decepção após o anúncio argentino e rejeitou o convite para retomar as negociações sobre a soberania das ilhas.
"As Falklands são britânicas", respondeu Cleverly secamente no Twitter, usando o nome que seu país deu ao arquipélago. Os habitantes das ilhas, acrescentou, "têm o direito de decidir seu próprio futuro e decidiram permanecer como território britânico ultra-mar".
Conhecido como "Foradori-Duncan", o pacto foi assinado em 2016, durante o governo do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019) pelo então vice-chanceler argentino Carlos Foradori e o então ministro de Estado britânico para a Europa e as Américas, Alan Duncan.
Os dois países admitiram nesse acordo suas diferenças em termos de soberania, mas concordaram em cooperar nos setores de energia, transporte marítimo e pesca, assim como na identificação de restos mortais de soldados argentinos mortos na guerra.
O atual governo da Argentina, de ideologia política diferente da de Macri, o considerou "danoso" para a histórica reivindicação argentina pela soberania nas Malvinas, disse à AFP uma fonte da chancelaria.
O pacto "realizava concessões aos interesses britânicos com relação à exploração dos recursos naturais argentinos na região e retrocedia notavelmente na justa reivindicação pela soberania", afirmou a fonte, que pediu anonimato.
Em 1982, a Argentina, sob ditadura militar, e o Reino Unido se enfrentaram em uma guerra pela soberania das Ilhas Malvinas. Após 74 dias de confrontos, que deixaram 649 argentinos e 255 britânicos mortos, Londres retomou o controle do arquipélago no Atlântico que ocupa desde 1833.