BRASÍLIA

Deputado Eriberto Medeiros diz que Raquel Lyra "inova" ao atrasar pagamento de folha salarial

Deputado federal, Eriberto Medeiros falou sobre a gestão passada e projetos que pretende apresentar na Câmara Federal; confira

Deputado federal Eriberto Medeiros (PSB) - Roberto Soares/Divulgação/Alepe

Em entrevista à Folha de Pernambuco, o ex-presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), agora deputado federal, Eriberto Medeiros (PSB), estranhou os constantes atrasos que a governadora Raquel Lyra (PSDB) tem efetuado em relação a várias categorias em Pernambuco, inclusive a de segurança pública.

Ontem, o Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (SINPOL-PE) ingressou com uma ação, impetrada via Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol), no STF, cobrando novamente o pagamento de hora-extra aos Policiais Civis ao Governo do Estado.

O estranhamento dele é, sobretudo, porque ele tem conhecimento de que a gestão passada deixou o Estado em boas condições financeiras e porque acompanhou de perto o governo de Paulo Câmara, assim como esteve junto do PSB durante os 16 anos em que a sigla comandou o Estado. "Pernambuco durante todo esse tempo vinha sempre pagando em dia. Isso foi algo que o governador Paulo Câmara procurou sempre honrar e pagar em dia e esse reconhecimento existe do servidor público do governo Paulo Câmara. E esse atraso agora é algo que verdadeiramente a governadora ou membros do seu governo terão que dar uma satisfação à sociedade pernambucana". Confira a entrevista abaixo.

Como está sendo sua experiência de deputado federal em Brasília?

Este momento inicial é de adaptação. Na realidade, tive a oportunidade de experiência como vereador do Recife, deputado estadual. Hoje chegando ao Congresso Nacional, muita coisa tem sua semelhança na atividade do parlamento estadual e municipal, porém, a convivência aqui é em um universo muito maior, são 513 representantes de todas as regiões do País, de temas de grande relevância. Ou seja, estamos no início deste mandato em uma fase de adaptação, de conhecimento, tanto dos parlamentares quanto da sistemática da casa, mas com muita vontade de trabalhar, de corresponder pelos anseios da sociedade, principalmente daqueles que depositaram um voto de confiança no nosso trabalho para vim aqui para Brasília representá-los.

Já pensou em algum projeto para apresentar?

Tivemos uma reunião na consultoria da casa sobre o tema da segurança pública. Nós tivemos a oportunidade de uma grande aproximação com as operativas de segurança pública do estado, destravamos vários projetos que era anseio da categoria profissional daqueles servidores da segurança pública e aqui já está em estudo alguns projetos que tenhamos a possibilidade de apresentar de avanço para a categoria profissional que tem a nossa admiração diante da necessidade da segurança pública em todos os ambientes do nosso Estado e no País.

Essa é uma das áreas que o senhor quer atuar aqui no Congresso, a de segurança pública?

Exatamente. É um tema muito debatido. Em todo estado de Pernambuco não é diferente. Temos a experiência do Pacto pela Vida. Nós queremos ter a oportunidade de nos debruçar sobre esse tema, dar a nossa colaboração e os esforços necessários para que se chegue tanto investimento para o aparelhamento dos profissionais, condições de trabalhos, mas também o reconhecimento dos trabalhos deles. Com tudo isso, nesse somatório, trazer mais segurança para a população pernambucana.

Por falar em segurança pública, pela primeira vez na história do Estado, o balanço dos casos de violência do Carnaval, tradicionalmente divulgado na Quarta-feira de Cinzas, será, de acordo com divulgado pela governadora Raquel Lyra, divulgado só no dia 15 de março. O senhor já esperava por isso? Achou algo estranho?

É algo que digamos chama atenção. Mas é algo também que podemos dizer que no início do governo, ainda no início de arrumação da casa, mudança de comando, tanto dos batalhões quanto das operativas, e certamente seja merecedor de um crédito, de um tempo maior. Mas a notícia que se tem, pelo menos in loco nas regiões, é que tivemos um Carnaval que a população pernambucana, diante da saudade que tinha de dois anos de não ter essas festividades, o povo veio com mais vontade de brincar, de se divertir, do que ter um ambiente que tivesse algum conflito. Participei de várias festividades, não só no Recife, mas em diversas regiões do Estado de Pernambuco e a notícia que se tem das administrações locais é que o Carnaval foi mais tranquilo, pacífico, que o povo se preocupou e se dedicou muito mais a se divertir e curtir esse ambiente do Carnaval que é multicultural e que há muito tempo não tinha em Pernambuco.

A deputada Gleide Ângelo (PSB) divulgou um dado em relação à violência contra a mulher, o feminicídio. De acordo com ela, ocorreram mais de oito crimes durante o Carnaval. O senhor não acha alto esse número?

Gleide Ângelo é uma pessoa que tem uma atuação muito significativa nesse ambiente, que é oriunda das forças da segurança pública. É um número alto, um número preocupante. Esse tema, inclusive, vem sendo muito debatido. Tanto que ao longo dos últimos meses e anos a Polícia Civil tem investido muito na abertura na Delegacia da Mulher, diante da preocupação, dos números que são colocados há um bom tempo.

O senhor está ciente de que a Polícia Civil de Pernambuco entrou com ação na justiça contra a governadora Raquel Lyra (PSDB) por ela estar atrasando a gratificação por hora trabalhada?

Na realidade, temos notícias de alguns atrasos de pagamento, tanto nesse segmento como também em outros. Acredito que tenha que se dar um desconto no início de uma administração. Infelizmente também no início do governo existe uma decisão do atual governo de uma rearrumação da casa e a notícia que se tem é de que alguns setores tenham escassez de servidores, que foram demitidos e não foram conduzidos outros para cumprir aquele papel em diversos âmbitos do Estado. Na segurança pública também tem essa dificuldade. Isso causa verdadeiramente uma insatisfação, porque os profissionais já se dedicam em um momento de sua hora de descanso, procuram trabalhar para ter um recurso a mais para dar uma melhor condição de vida a sua família. E depois de arriscar a sua vida, está ali para defender a vida dos outros e ao término disso não receberem a remuneração devida, com certeza, isso gera uma grande insatisfação.

Em relação aos atrasos, também tem os dos terceirizados, a exemplo das merendeiras. A impressão que passa é de que ela não está pagando porque ela recebeu um Estado com as finanças quebradas?

Não acredito que Pernambuco estivesse com as finanças quebradas. Pernambuco vinha durante todo esse período do governo anterior, sempre pagando aos servidores. Pernambuco dava exemplo, inclusive, a outros estados, estados ricos que atrasavam meses e meses os pagamentos dos servidores. E Pernambuco durante todo esse tempo vinha sempre pagando em dia. Isso foi algo que o governador Paulo Câmara procurou sempre honrar e pagar em dia e esse reconhecimento existe do servidor público do governo Paulo Câmara. E esse atraso agora é algo que verdadeiramente a governadora ou membros do seu governo terão que dar uma satisfação à sociedade pernambucana.

Então, existe dinheiro?

Recursos se tem. Sempre em todas as reuniões que tivemos ao final do Governo, com secretário de finanças, com Décio Padilha (Fazenda), deputados, o governador Paulo Câmara sempre colocava que ia repassar o Governo em boas condições para se dar continuidade. Tanto que o governo está em condições, inclusive, de adquirir empréstimos por conta da situação que foi deixado.

Talvez ela não esteja pagando por uma falta de planejamento?

O que se diz é que o atual governo tenha, talvez, demorado um pouco a indicar os seus secretários. Se tivesse feito com uma certa antecedência, isso na transição, que pudessem de certa forma interagir com o governo anterior, que se colocou sempre à disposição, talvez tivesse já iniciado o governo com conhecimento muito mais aprofundado e tivesse evitado acontecimentos como esses.