ONU realiza último encontro de uma série de negociações para preservação do alto-mar
A União Europeia prometeu 42,4 milhões de dólares para facilitar a ratificação do tratado e sua aplicação inicial
Os Estados-membros da ONU tentarão superar suas diferenças nesta sexta-feira (3) para chegar a um acordo que garanta a preservação do alto-mar, um tesouro frágil e vital que cobre metade do planeta.
Após 15 anos de discussões informais e, em seguida, formais, as delegações que compõem a ONU chegam ao final de duas semanas da terceira rodada de negociações em menos de um ano, em Nova York.
"Esteja disposto a correr uma maratona até a linha de chegada e se concentrem no trabalho que resta a ser feito", disse na quinta-feira Rena Lee, presidente da conferência, que pode se prolongar até a madrugada de sábado.
No entanto, vários pontos de divergência estão em discussão, como a medida de criar zonas protegidas, que visa analisar o impacto das atividades em alto-mar no meio ambiente e a distribuição dos potenciais benefícios da exploração dos recursos genéticos marinhos.
"Ainda estamos muito longe de um texto limpo", diz Liz Karan, da ONG Pew Charitable Trusts.
O encontro aguarda, também, um impulso da conferência Our Ocean ("Nosso Oceano"), que acontece simultaneamente no Panamá, na presença de vários ministros que discutem a proteção e exploração sustentável dos oceanos.
Em dezembro, todos os governos do mundo se comprometeram a proteger 30% de todas as terras e oceanos até 2030. Um desafio que não inclui o alto-mar, o qual apenas 1% está protegido atualmente.
O alto-mar começa onde terminam as Zonas Econômicas Exclusivas (ZEE) dos países, até um máximo de 200 milhas náuticas (370 km) da costa, e, por isso, não está sob a jurisdição de nenhuma nação.
"Apesar das diferentes questões pendentes — e a lista é longa —, minha impressão é que haverá um acordo ao final desta sessão", disse Li Shuo, do Greenpeace, à AFP.
Para ele, há vontade política e tudo se resume a "o Norte contra o Sul, a questão da justiça e da equidade".
A União Europeia (UE) prometeu 42,4 milhões de dólares (cerca de R$ 221 milhões) para facilitar a ratificação do tratado e sua aplicação inicial. Da mesma forma, também anunciou no Panamá mais de 848 milhões de dólares (em torno de R$ 2,4 bilhões) para proteger os oceanos até 2023.
"A adoção de um acordo robusto e ambicioso nesta sessão pode ser um passo importante para reverter tendências destrutivas e melhorar a saúde dos oceanos para as gerações futuras", insistiu o secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta semana.