Justiça mantém preso médico radiologista por importunar sexualmente mulheres em clínica
Martinho Gomes de Souza Neto já foi denunciado por cinco mulheres na delegacia de Copacabana
O médico radiologista Martinho Gomes de Souza Neto, preso em flagrante na última quarta-feira por importunar sexualmente pacientes de pelo menos duas clínicas em Copacabana, na foi mantido preso pela Justiça, nesta sexta-feira, na Audiência de Custódia. Pelo menos cinco mulheres já denunciaram o suspeito por violência sexual durante exames na 12ª DP (Copacabana). O médico nega as acusações.
Na decisão, a juíza Rachel Assad da Cunha justifica a manutenção da prisão de Martinho para garantia da ordem pública: "Evidente a necessidade da conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva do custodiado como medida de garantia da ordem pública, sobretudo porque crimes como esse comprometem a segurança e a intimidade de mulheres que realizam exames diariamente na cidade Rio de Janeiro, especialmente porque o custodiado atua em diversas clínicas. Assim, impõe-se uma atuação do Poder Judiciário, ainda que de natureza cautelar, com vistas ao restabelecimento da paz social concretamente violada pela conduta do custodiado", escreveu a magistrada.
A juíza ainda destacou o risco de que a vítima do crime que levou o radiologista à prisão seja intimidada pelo médico: "Convém destacar, ademais, que a vítima ainda não prestou depoimento, de forma que a liberdade do acusado poderá comprometer a instrução criminal por ameaça".
Influenciadora digital foi a primeira vítima a surgir
Pelo menos cinco mulheres estiveram na 12ª DP entre a última quinta-feira e esta sexta-feira, para denunciar Martinho como responsável por importunações sexuais ocorridas durante atendimentos. Uma delas contou ter sido importunada, na última quarta-feira, mesmo dia em que a influenciadora digital Cris Silva, de 26 anos, foi vítima de crime de violência sexual durante um exame.
A influencer, primeira vítima do médico a denunciá-lo, resolveu expor seu rosto e sua história. Disse ter sofrido abuso sexual na infância e que, por isso, prometeu a si mesma que denunciaria o abusador, caso isso voltasse a ocorrer.
Morando nos Estados Unidos, ela disse ter chegado ao Rio antes do carnaval para passar o fim das férias. Nesta quarta-feira, ela foi até a uma clínica para fazer uma mamografia, após ter comprado um pacote de exames. Cris informou ter sido convencida pelo suspeito a fazer também um exame ginecológico, que estava programado para ocorrer em outro dia. A vítima afirmou que, durante o procedimento, o médico havia identificado um cisto. E que para ele conseguisse visualizá-lo, ela deveria se estimular sexualmente.
— Eu toquei o meu estômago, mas ele falou que eu precisava me estimular. Eu falei que não queria mais fazer aquele exame e ele segurou no meu braço e disse que iria terminar o exame. Nisso, alguém bateu na porta. Eu aproveitei para correr para o banheiro onde vesti minha roupa — disse Cris.