Vietnã

Informante sobre guerra do Vietnã nos EUA anuncia sofrer de câncer terminal

Daniel Ellsberg foi o informante que vazou os chamados "Papéis do Pentágono" em 1971

Daniel Ellsberg era um consultor do governo quando vazou 7.000 páginas sigilosas que determinavam, contrariando as alegações públicas do governo de Richard Nixon (1969-1974), que o conflito do Vietnã era impossível de vencer - Leon Neal/AFP

Daniel Ellsberg, o informante que vazou nos Estados Unidos os chamados “Papéis do Pentágono” sobre a guerra do Vietnã, disse que os médicos deram a ele cerca de seis meses de vida após diagnosticá-lo com câncer de pâncreas.

“Em 17 de fevereiro, sem muito alerta, recebi o diagnóstico de câncer de pâncreas inoperável”, revelou Ellsberg, de 91 anos, pelo Twitter, na quinta-feira (2). “Lamento informá-los que meus médicos me deram de três a seis meses de vida”, acrescentou.

Os milhares de documentos entregues pelo ex-analista militar à imprensa em 1971 revelaram que sucessivos governos americanos haviam mentido para o público sobre a guerra.

Esse vazamento mudou a percepção pública do conflito e foi o tema central do 'thriller' hollywoodiano “The Post: A Guerra Secreta”, de 2017, que detalha a história da publicação dos artigos pelo jornal The Washington Post.

Ellsberg explicou que optou por não se submeter à quimioterapia porque o tratamento não era promissor. “Tenho a garantia de um excelente cuidado hospitalar quando for necessário”, disse.

O ex-funcionário era um consultor do governo quando vazou 7.000 páginas sigilosas que determinavam, contrariando as alegações públicas do governo de Richard Nixon (1969-1974), que o conflito do Vietnã era impossível de vencer.

O The New York Times publicou alguns trechos até que o governo Nixon obteve uma ordem judicial proibindo o jornal de continuar a fazê-lo por motivos de segurança nacional. O The Washington Post assumiu, então, a iniciativa.

Ellsberg foi indiciado pela lei de espionagem dos Estados Unidos, mas o caso terminou em um julgamento anulado em 1973, depois que veio à tona a coleta ilegal de evidências por parte do governo.