Nomes para Conselho da Petrobras geram crise; descontentamento continua
Governo quer esperar parecer do Comitê da estatal, mas a análise dos indicados ainda não começou porque os documentos não foram entregues, dizem fontes
A alteração na lista de indicados ao Conselho de Administração da Petrobras não foi suficiente para aplacar o descontentamento de bastidores. Além de o alto escalão do PT não ter gostado das indicações, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) vem aumentando o tom das críticas.
Em mensagem enviada para a presidente do PT, Gleisi Hoffman, Dayvid Bacelar, presidente da FUP, pediu ajuda para um encontro com Lula em 10 de março.
Dayvid Bacelar já foi membro do Conselho de Administração da Petrobras. A mensagem enviada para Gleisi, antecipada pelo Estado de S.Paulo e confirmada pelo GLOBO, diz que quatro indicações de Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia (MME), para o colegiado da estatal seriam “nomes ligados ao bolsonarismo, ao mercado financeiro e a favor de privatizações”.
A mensagem cita Pietro Adamo Sampaio Mendes, indicado para a presidência do conselho; Carlos Eduardo Turchetto Santos; Vitor Eduardo de Almeida Saback; e Eugênio Tiago Chagas Cordeiro e Teixeira.
‘Obstáculos’ à vista
Dayvid alerta que, caso esses nomes sejam aprovados, haverá “obstáculos” para mudanças na política de preços de combustíveis, na sistemática de dividendos da Petrobras e fim das privatizações na companhia.
Conforme o GLOBO revelou, Silveira havia indicado seis nomes na última sexta-feira, em reunião com Lula e Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, mas acabou reduzindo suas indicações para quatro no fim de semana, após conversas com Prates.
Porém, segundo essas fontes, o governo ainda está montando estratégia para resolver as indicações. Há seis dias, Gleisi disse em uma rede social que é preciso definir uma nova política de preços para a Petrobras. Isso será possível, disse em seu post, “a partir de abril, quando o Conselho de Administração for renovado, com pessoas comprometidas com a reconstrução da empresa e de seu papel para o país.”
Já se sabe que parte do governo não quer abrir uma “briga pública” com o PSD, partido do ministro de Minas e Energia. Assim, lembrou outra fonte, o governo pode esperar a avaliação do Comitê de Pessoas (Cope) da Petrobras sobre os indicados, que ainda não começou, e sugerir mudanças em relação a quem apresentar algum tipo de impedimento.
Hoje, o Cope é comandado por Iêda Aparecida de Moura Cagni, presidente do Conselho do Banco do Brasil.
A demora da União em definir os nomes levou a estatal a anunciar o adiamento da assembleia geral ordinária de 19 de abril para o dia 27 do mesmo mês, afirmaram as fontes. É nesse encontro que os acionistas da estatal aprovam os nomes para o colegiado.
Da lista original, Wagner Victer, ex-presidente da Cedae e ex-secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo no governo Rosinha Garotinho, foi substituído Bruno Moretti, nome mais ligado ao PT.