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China fixa meta de crescimento do PIB em 5% em 2023, após baque na economia em 2022 por "Covid zero"

Anúncio foi feito no Congresso do Partido Comunista. No ano passado, atividade econômica cresceu 3%, pior desempenho desde a década de 1970

Bandeira da China - Pixabay

A China estabeleceu uma meta de crescimento econômico modesto de cerca de 5% para o ano. Os principais líderes do país evitaram mencionar qualquer grande estímulo para impulsionar uma recuperação que ainda está sendo prejudicada pela fraca confiança nos negócios e um mercado imobiliário incerto.

O primeiro-ministro Li Keqiang anunciou a meta para o Produto Interno Bruto (PIB) em seu relatório final ao parlamento controlado pelo Partido Comunista, que iniciou sua reunião anual neste domingo (5). Economistas esperavam uma meta mais ambiciosa, acima de 5%, diante de uma recuperação nos gastos de consumidores e empresas após o fim das restrições para combater o coronavírus.

A meta “deve ser considerada um piso de crescimento que o governo está disposto a tolerar”, disse o economista-chefe da Pinpoint Asset Management, Zhang Zhiwei.

"Como a política da Covid foi ajustada, não há urgência para que eles executem outra rodada de grande estímulo econômico", explica Zhiwei. Em 2022, o PIB do país cresceu apenas 3% o segundo ritmo mais lento desde a década de 1970 e abaixo das projeções inicias de 5,5%.

Uma perspectiva mais cautelosa este ano restauraria a credibilidade em torno da meta e daria ao presidente Xi Jinping e suas novas autoridades econômicas mais espaço político para se concentrar nos objetivos principais.

Reação do mercado
Os mercados financeiros, no entanto, podem ficar desapontados com as perspectivas mais moderadas depois de se recuperarem na semana passada com sinais de uma recuperação mais forte do que o esperado na economia do país asiático.

"Embora a meta oficial de crescimento tenha sido reduzida pelo segundo ano consecutivo, o que pode ser uma decepção para o mercado, acreditamos que os investidores prestarão atenção ao impulso de crescimento subjacente para avaliar a recuperação",  disse a economista-chefe da Guotai Junan Participações Internacionais, Zhou Hao.

Avanço da demanda doméstica
Li disse que aumentar a demanda doméstica, uma referência aos gastos do consumidor e ao investimento empresarial, seria a principal prioridade do governo este ano, enquanto as importações e exportações avançariam constantemente.

A meta de emprego mais alta do governo para este ano, de 3%, o que equivale a cerca de 12 milhões de novos empregos urbanos - sugere que as autoridades veem mais setores de consumo intensivos em mão de obra impulsionando a economia, enquanto o crescimento do investimento em infraestrutura financiado pelo governo provavelmente diminuirá. A China também estabeleceu uma meta de 3% para o índice de preços ao consumidor.

"É mais provável que uma recuperação no consumo conduza ao crescimento. O investimento empresarial pode permanecer em cima do muro até que medidas mais fortes para apoiar o setor privado se tornem aparentes", disse Bert Hofman, ex-diretor do Banco Mundial para a China.

Apoio fiscal contido:
O orçamento nacional divulgado sugere que o apoio fiscal será contido. A meta para o déficit nominal – com base em uma definição restrita de receitas e gastos do governo – foi elevada para 3% do PIB neste ano, ante 2,8% no ano passado.

No entanto, os governos locais devem reduzir os grandes investimentos, com uma cota menor para títulos especiais locais, usados principalmente para financiar projetos de infraestrutura. Isso teria implicações para o setor de construção e efeitos indiretos sobre os preços globais das commodities.

"Se o crescimento da infraestrutura for lento, pode impactar setores como aço e cimento em outros países também porque a China pode importar menos commodities", disse a economista-chefe para a Grande China do ING Bank, Iris Pang.

Segurança nacional
O relatório de Li destacou uma mudança na perspectiva de Pequim para enfatizar a segurança nacional, a autossuficiência tecnológica e a estabilidade financeira em vez do ritmo de crescimento. O primeiro-ministro pediu políticas que possam “equilibrar desenvolvimento e segurança”.

Ressaltando esses objetivos, a China aumentará seus gastos com defesa em 7,2% este ano, o ritmo mais rápido em quatro anos, para 1,55 trilhão de yuans. Pequim também visará a “reunificação pacífica” com Taiwan, disse Li, mantendo sua posição anterior em relação à ilha.