Mulheres denunciam à Justiça negativa de aborto no Texas
Essas mulheres queriam levar a gravidez até o fim, mas durante os exames médicos descobriram que o feto não era viável
Cinco moradoras do Texas que tiveram a interrupção da gravidez negada, apesar de complicações graves, apresentaram uma denúncia na noite de segunda-feira contra as leis antiaborto neste estado conservador do sul dos Estados Unidos.
É a primeira queixa apresentada por mulheres que tiveram o aborto negado desde que a Suprema Corte dos Estados Unidos revogou o direito à interrupção voluntária da gravidez em junho, segundo o Centro de Direitos Reprodutivos, organização que as representa.
O processo "inclui relatos devastadores, em primeira mão, de mulheres que quase perderam a vida depois de terem negado o atendimento médico de que precisavam", disse a vice-presidente, a democrata Kamala Harris, que as apoiou nesta terça-feira (7) em um comunicado.
Essas mulheres queriam levar a gravidez até o fim, mas durante os exames médicos descobriram que o feto não era viável.
Segundo a denúncia, os médicos se recusaram a realizar abortos, apesar do risco de sangramento e infecção. Eles se justificaram recorrendo às leis que proíbem o aborto no Texas, sendo que uma delas prevê até 99 anos de prisão para os médicos que desafiarem a proibição.
Essas leis preveem exceções em caso de "perigo de morte ou risco de disfunção grave para a mãe", mas, segundo as denunciantes, são muito vagas.
Uma delas, Amanda Zurawski, de 35 anos, teve a bolsa rompida com 17 semanas de gravidez, muito cedo para o bebê sobreviver. O hospital esperou até que houvesse sinais de infecção, três dias depois, para remover o feto.
Segundo a denúncia, ela teve sepse, passou vários dias na UTI e perdeu uma das trompas de Falópio, devido à recusa ao tratamento.
Outra denunciante, Lauren Miller, estava grávida de gêmeos quando soube que um dos fetos não era viável. Apesar dos riscos à sua saúde e ao desenvolvimento do outro feto, a equipe médica não abortou o feto inviável e ela teve que viajar para o Colorado para se submeter ao procedimento. Ela ainda está grávida e deve dar à luz no final do mês.
Com 18 semanas de gravidez, Lauren Hall descobriu que seu feto não tinha crânio e não poderia sobreviver. Ela precisou viajar até Seattle para fazer o aborto.
Ao contrário das outras denúncias apresentadas por médicos e associações desde junho, esta ação não ataca a proibição do aborto, mas pede aos tribunais que "esclareçam o alcance das exceções".