EUA permitirá visita de presidente de Taiwan para se reunir com líder republicano
Taiwan vive sob ameaça constante de uma invasão da China, que considera este território como seu e adverte reiteradamente sua intenção de retomá-lo
O Departamento de Estado dos Estados Unidos assinalou, nesta quarta-feira (8), que permitiria que a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, visitasse a Califórnia para se reunir com o presidente da Câmara de Representantes, o republicano Kevin McCarthy, minimizando a importância das críticas da China.
Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado, se referiu à viagem de Tsai como de "trânsito" ao invés de "visita", e esclareceu que esse tipo de deslocamento "não é nada novo". "Não é algo que estabeleça um precedente. É completamente consistente com o status quo", disse.
Na terça-feira, a China mostrou-se "seriamente preocupada" com a notícia da reunião entre Tsai e McCarthy, e enfatizou que "se opõe firmemente" a qualquer contato oficial entre Estados Unidos e Taiwan.
Price acrescentou que Tsai já havia transitado pelos Estados Unidos em seis ocasiões desde que assumiu a presidência da ilha em 2016.
Mas estas viagens eram parte dos trajetos com destino e de saída da América Latina, região em que a ilha contava até recentemente com vários países aliados.
McCarthy, presidente da Câmara dos Representantes de Estados Unidos, anunciou na terça-feira que se reuniria com a presidente de Taiwan na Califórnia e não descartou uma eventual visita à ilha.
O governo de Tsai forneceu à equipe de McCarthy informações de que a visita de uma figura política americana proeminente poderia levar a ameaças da China, informou o Financial Times, citando altos funcionários taiwaneses que pediram para não serem identificados.
McCarthy esclareceu que a visita não significa que ele não vá se deslocar para Taiwan eventualmente. "Isso não tem nada a ver com a minha viagem, se é que eu vou para Taiwan", disse McCarthy, citado pela agência Bloomberg. "A China não pode me dizer para onde e quando posso ir", acrescentou.
O ministério das Relações Exteriores de Taiwan afirmou nesta quinta-feira que a China "não tem o direito de questionar" as conversas diplomáticas da ilha.
"A presidente Tsai é a chefe de Estado da República da China", afirmou Douglas Hsu, funcionário do ministério das Relações Exteriores Douglas Hsu, em referência ao nome oficial de Taiwan.
"Esta difamação mesquinha é inaceitável. Os comentários da China ignoram os fatos e são indignos", acrescentou.
Taiwan vive sob ameaça constante de uma invasão da China, que considera este território como seu e adverte reiteradamente sua intenção de retomá-lo.
Em agosto, uma viagem da antecessora de McCarthy, a democrata Nancy Pelosi, provocou a condenação da China, que respondeu organizando enormes manobras militares ao redor da ilha.