Keanu Reeves: bactérias "assassinas" recebem nome do ator por eliminarem fungos nocivos aos humanos
"Isso é muito legal e surreal", reagiu o artista. Batizadas de keanumicinas, elas foram identificadas na Alemanha
Após a descoberta de compostos bacterianos que matam fungos, os cientistas do Instituto Leibniz de Pesquisa de Produtos Naturais e Biologia de Infecções em Jena, Alemanha, tiveram uma decisão de proporções hollywoodianas: dar nome aos agentes de Keanu Reeves. A ideia veio especialmente por seu papel no suspense "John Wick", um lendário assassino aposentado.
Os compostos, que os pesquisadores chamaram de "keanumicinas", eliminaram os fungos nocivos às plantas e aos humanos com precisão mortal.
"Keanu Reeves desempenha muitos papéis icônicos nos quais é extremamente eficiente em "inativar" seus inimigos. As keanumicinas fazem o mesmo com os fungos" disse Pierre Stallforth, um dos pesquisadores no Instituto Leibniz.
Os agentes de Reeves responderam à decisão de forma indireta. A empresa de entretenimento Lionsgate, distribuidora dos filmes "John Wick", realizou um fórum de perguntas e respostas com Reeves, no qual ele descreveu sua reação à descoberta que leva seu nome.
"Eles deveriam ter chamado com o nome do meu personagem, John Wick" disse ele "Mas isso é muito legal… e surreal para mim. Mas obrigado, cientistas!"
Os compostos bacterianos são eficazes contra doenças fúngicas de plantas e humanos, de acordo com descobertas publicadas no The Journal of the American Chemical Society, em janeiro.
"As keanumicinas criam buracos na superfície do patógeno e ele 'sangra' até a morte" disse o principal autor do estudo, Sebastian Götze, pós-doutorado em paleobiotecnologia no Instituto Leibniz.
"Como Keanu Reeves em seus muitos papéis como assassino proficiente, as moléculas recém-descobertas também podem, em baixas concentrações, matar diferentes patógenos fúngicos humanos, crivando-os de buracos" disse o cientista. No último capítulo de "John Wick", Reeves interpreta um assassino de aluguel aposentado que retorna para perseguir seus adversários.
Os autores prepararam um caldo de bactérias que produzem keanumicinas e aplicaram-no a uma planta coberta com o fungo Botrytis cinerea, uma praga comum entre culturas de estufa, como tomates e morangos.
Eles descobriram que a bactéria preenchia o fungo com buracos, libertando a planta da praga e provando que as keanumicinas funcionam de forma eficaz contra o fungo que causa a podridão e leva a perdas substanciais na colheita todos os anos.
Os compostos também funcionam contra a Candida albicans, um fungo que ocorre naturalmente no corpo humano, cuja superprodução pode causar infecção.
Um agente natural e biodegradável como as keanumicinas pode ser uma alternativa importante aos pesticidas e antibióticos em meio a uma "crise de anti-infecciosos", segundo Götze, ou drogas que previnem ou tratam infecções. Muitos fungos agora são resistentes a drogas e substâncias que foram usadas para matá-los no passado.
"A resistência contra a maioria dos medicamentos usados para tratar doenças infecciosas está se espalhando pelo mundo. Se fitopatógenos fúngicos são resistentes a fungicidas, sua produção agrícola diminui, o que pode levar à fome em casos extremos" disse Götze.
As descobertas dos pesquisadores sugerem uma evolução microbiana na luta contra patógenos predatórios, disse Matthew Nelsen, cientista pesquisador do Field Museum em Chicago, que não esteve envolvido no estudo.
"Esforços anteriores buscaram explorar esses produtos naturais para uso humano no sentido de combater patógenos animais e vegetais. No entanto, ao longo do tempo, muitos organismos nocivos – incluindo fungos – desenvolveram resistência aos produtos químicos que usamos" afirmou Nelsen.