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Crise nas Americanas teve efeito negativo no sistema financeiro brasileiro, diz BC

Autarquia verifica uma maior materialização de risco também para famílias e empresas de pequeno porte

Lojas Americanas - Mauro Pimentel / AFP

O Banco Central afirmou nesta quinta-feira (9) que a rentabilidade do sistema financeiro brasileiro foi afetada negativamente pela crise nas Americanas. A autarquia diz que “eventos pontuais” em grandes empresas causaram uma "deterioração" nos preços de ativos no mercado de títulos privados.

A referência à crise na Americanas foi publicada na ata do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), responsável por avaliar a saúde do sistema financeiro. Como o GLOBO mostrou, o mercado de crédito privado ficou mais restrito, e a crise em várias empresas, principalmente das Americanas, é um dos fatores para esse movimento de regresso.

Em decorrência desses eventos (pontuais), a volatilidade, os spreads e a aversão ao risco aumentaram (...) Parcela significativa das provisões realizadas nos balanços das IFs [Instituições Financeiras] no último trimestre de 2022 decorre de evento específico relacionado a empresa de grande porte. Essas provisões respondem por porção relevante do recuo da rentabilidade anual do SFN [sistema financeiro nacional] e já absorveram a maior parte da materialização do risco, diz a ata.

O BC faz referência ao final de 2022 porque as provisões negativas de instituições financeiras (credoras) das Americanas foram observadas nos balanços do último trimestre do ano passado. O rombo na varejista, conjunto, foi anunciado publicamente em janeiro deste ano.

Famílias e empresas de pequeno porte
O Banco Central também avalia que “provisões” para o sistema financeiro estão incluindo uma maior “materialização de risco” - aumento da inadimplência - para famílias e micro e pequenas empresas. A autarquia cita o crescimento do crédito em modalidades mais arriscadas, repercutindo no aumento do comprometimento de renda familiar e na redução da capacidade de pagamento empresas de pequeno porte

O apetite ao risco das IFs [Instituições Financeiras] na concessão de crédito às famílias e às empresas de menor porte apresentou redução, porém permanece elevado. Embora em desaceleração, o ritmo de crescimento segue alto em modalidades mais arriscadas, como cartão de crédito e crédito não-consignado, o que requer mais atenção em um ambiente de maior comprometimento de renda e endividamento das famílias, diz a ata.