Haddad vai apresentar proposta a Lula após "socializar" com área econômica
Ministro também disse que já encaminhou nomes para diretorias disponíveis no Banco Central
O Ministério da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (9) que está "sinalizando" a nova regra de enquadramento fiscal do país, antes da apresentação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na semana passada, Haddad já havia anunciado que a expectativa é apresentar ainda este mês o arcabouço para substituir o teto de gastos - que travou as despesas federais à inflação do ano anterior.
— Nós fechamos a proposta do arcabouços fiscal na Fazenda e estamos socializando com a área econômica, para fechar um entendimento de toda a área econômica e levar ao presidente Lula — disse o ministro, após reunião de “alinhamento” com o presidente, em pautas como “relação com o Congresso” e “relação entre os ministérios”.
Depois do encontro com Lula no Palácio Planalto, Haddad também falou que indicou nomes para diretorias no Banco Central. Os diretores de Política Monetária, Bruno Serra, e Fiscalização, Paulo Souza, continuarão no Banco Central até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomear seus substitutos. O mandato dos dois venceu no último dia 28, mas o governo ainda não bateu o martelo sobre novas indicações ou eventual recondução aos cargos.
— Nós já encaminhamos alguns nomes, ele [presidente Lula] certamente vai entrevistar e vai tomar a decisão que é prerrogativa dele — disse.
Desenrola
O Ministério da Fazenda confirmou nesta quinta-feira que o Desenrola funcionará como uma plataforma única para centralizar as demandas de pessoas endividadas. O programa é a aposta do governo Lula para renegociação de dívidas por pessoas físicas, com atenção às famílias com até dois salários mínimos. O ministro Fernando Haddad afirmou que o lançamento ainda está sem previsão e depende da conclusão do “sistema operacional”.
A Fazenda diz que não está decidido se será um site ou aplicativo, mas o planejamento é reunir virtualmente as demandas dos negativados. O Governo, neste caso, atuaria como um intermediário entre as pessoas endividadas e os bancos credores.
— É um sistema complexo porque é uma dívida privada, não é uma dívida que envolve o poder público. É uma financeira, um banco ou uma concessionária de serviço público [em relação com] uma pessoa que está com o nome negativado no Serasa. Não tem precedente o Desenrola, nunca foi feito nada semelhante. Então nós vamos precisar desenvolver um sistema operacional — afirmou o ministro.
Conforme adiantou O GLOBO, o programa está com perspectiva de renegociar dívidas de até R$ 5 mil, com desconto e financiamento em até 60 meses. O governo está considerando os dados do Serasa, que apontam para 70 milhões de adultos com contas em atraso. Cerca de 66% das dívidas negativadas do país não é com bancos, e sim com varejistas e companhias de água, gás e telefonia, segundo o Ministério.
— Entregue o Sistema e testado, ele vai para o Ar [ser lançado] para ajudarmos as famílias a resolver os problemas dos CPFs negativados. O presidente autorizou na segunda-feira a contratação de um sistema operacional, e assim que ele estiver pronto, lançamos o programa. Eu dependo dos programadores entregarem o Sistema Operacional — disse Haddad.