Justiça

Tribunal argentino que condenou Cristina Kirchner sustenta 'ato de corrupção estatal'

A sentença foi de seis anos de prisão e inelegibilidade política perpétua

Cristina Kirchner - Juan Mabromata/AFP

O tribunal que condenou a vice-presidente argentina Cristina Kirchner a seis anos de prisão e inelegibilidade política perpétua sustentou que a decisão se baseou em um "ato de corrupção estatal", segundo os fundamentos da sentença publicada nesta quinta-feira (9).

"Estamos diante de um ato de corrupção estatal que, como tal, atenta contra a legitimidade das instituições públicas, ameaça a sociedade, a ordem moral e a justiça, bem como o desenvolvimento integral dos povos", disse o Tribunal Oral Federal nº 2 em documento de mais de 1.600 páginas publicado três meses após a entrega do veredito.

A partir desta publicação, a defesa agora pode recorrer da decisão em primeira instância. Em princípio, o prazo é de dez dias, mas pode ser prorrogado, explicaram fontes judiciais.

A vice-presidente não reagiu de imediato, mas já denunciou no passado que a Justiça agiu com motivações políticas visando isolá-la.

Um ato público está marcado para a sexta-feira na cidade de Río Negro (sul), no momento em que começam a aparecer os pré-candidatos às eleições presidenciais e parlamentares de outubro.

Kirchner foi condenada em 6 de dezembro por "administração fraudulenta" na licitação de obras rodoviárias na província de Santa Cruz (sul da Patagônia), seu berço político.

O tribunal calculou que os danos materiais chegam em mais de US$ 407 milhões na taxa de câmbio atual (em torno de R$ 2 bilhões).

Além da ex-vice-presidente, também foram condenados o empresário Lázaro Báez, beneficiário das licitações, e outras oito pessoas. Três dos réus foram absolvidos e para um deles, o caso prescreveu.