ANIVERSÁRIO DE RECIFE E OLINDA

Recife e Olinda celebram, juntas, arte e história

Cidades comemoram aniversário em meio a paridades artísticas e culturais, neste domingo (12)

Recife e Olinda

Para ser Leão do Norte é elementar evocar o Recife em versos de Manuel Bandeira e ao mesmo tempo ter a Olinda de Carlos Pena Filho, que é só para os olhos, que não se apalpa e é só desejo.

É uma questão identitária e 'pernambucólica', ser/estar recifense e olindense em todos os vieses que as duas cidades possam entregar a quem adentra a Terra dos Altos Coqueiros, seja pelo nascer, pelo viver ou pelo morrer em qualquer uma delas. 

Semelhanças históricas
Se a primogênita, que neste 12 de março celebra 488 anos, e outrora foi a capital, a primeira do país Pernambuco, a caçula, de 486 aniversários completados no mesmo dia, é a atual sede do que já foi uma capitania que de tão hereditária confunde a quem atravessa o Beberibe - seja de lá ou de cá, as águas fluviais comuns é só um dos meios de aproximação das duas cidades-irmãs que se fundem para além da geografia que as une.

Que o digam a arte e a cultura impregnadas em ambas, ou a tapioca e o arrumadinho, embora pernambucanos, por questões históricas tornaram-se respectivamente predileções do Alto da Sé e dos mercados públicos do Recife. 

Olinda, a Marim dos Caetés
 

Mas em que pese as diferenças (?) entre a Marim dos Caetés e a Veneza Brasileira, artística e culturalmente é sobre as semelhanças que estas linhas descerram, em tom de trocas e afinidades que ambas as cidades carregam, seja pelo título (um deles), da primeira Capital Brasileira da Cultura (Olinda), ou pelo fato de (o Recife) ostentar o Frevo como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade (2012) - vale ressaltar que já era do Brasil, desde 2007. Mas, cá pra nós, ia causar estranheza se o vice-versa fosse praticado nesse enunciado? 

Entre ritmos e poesias
"Ao som dos clarins de Momo", o coro exalta o maior e melhor Carnaval do mundo, e na base do frevo. Mas o Recife também arrasta, em linha reta, a gigantesca folia de Momo.

Um impasse que não comporta desavenças, ao contrário, fortalece o orgulho de quem é pernambucano e tem duas das maiores cidades do Brasil (e do mundo) como patrimônios histórico-culturais, em diversidade de ritmos, de poesias e de cores que preenchem maracatus, cocos de roda, cirandas, afoxés; que ocupam palcos em teatros; que leva paisagens para os cinemas e também floresce na arte de ruas e de prédios tombados, assim como nas periferias, crias que são de produções artísticas transformadoras.
 

Rua do Bom Jesus

Ao Recife do mangue, "onde a lama é a insurreição", vida longa e tomada por respiros da arte e da cultura dos teatros, das danças, da ciranda, dos museus, das produções cinematográficas, da Rua do Bom Jesus, do passinho das periferias.

A Olinda, peculiarmente artística em meio aos sobes e desces de ladeiras, um salve ao Homem da Meia-Noite e aos bonecos gigantes, ao Sítio Histórico, às  igrejas, aos casarios e à espontaneidade visceral de ser olindense. Ao Recife e a Olinda, o desejo da perenidade da poesia dos carnavais em sua mais autêntica definição de alegria.